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Química Nova na Escola
Vol. 32 No1
Fevereiro de 2010

Editorial

Com muita satisfação, entregamos aos leitores a N. 1 do VOL. 32 de Química Nova na Escola. Como já lembrado no último número publicado, neste ano completamos 15 anos de publicação da Revista. Certamente, é um ano de júbilo para leitores, assessores, autores, membros do conselho editorial, coordenadores de seção, editores e outras pessoas que tornam possível a produção e circulação da Revista. Ao lado dos motivos para comemorar, há outros que nos levam a refletir e a planejar para que se avance ainda mais em qualidade e maturidade da nossa QNEsc, oferecendo material de apoio sempre melhor e mais adequado para que se aprimore a educação química em nosso país, tanto no que diz respeito à Educação Básica quanto ao apoio na formação de professores. Vislumbra-se um ano de profundos debates sobre educação de nível médio no Brasil, sem dúvida acelerado pelas provas de avaliação dos estudantes no Exame Nacional do En- sino Médio (ENEM). Toma-se consciência crescente de que esse nível de ensino faz parte da Educação Básica necessária e de boa qualidade para todos os brasileiros, ao mesmo tempo em que se supera a prática demasiadamente preparatória para a seleção de candidatos para dentro dos sistemas educativos. Educação Básica deve ser aquela que permite refletir sobre a produção cultural de outros momentos históricos, mas também permite recriar a cultura, que constitui na vivência das gerações novas. Não basta, por exemplo, viver a era da comunica- ção e da informática. É necessário que as novas gerações saibam quais foram as questões e produções culturais que levaram a isso e proponham novas questões que levarão a outras vivências culturais para as gerações que as sucederão. Se hoje é a cultura do consumo, do descartável, não haveria lugar para o produto permanente, como já foi ideal no passado? Há, portanto, novos problemas decorrentes dos produtos culturais de agora cujas soluções não se conseguem com a memorização de fatos e de solução de problemas do passado como, muitas vezes, se entende a Educação Básica. As características definidas para o ENEM, nem sempre alcançadas plenamente nas questões das provas propostas até aqui, levam o debate para dentro das escolas e das organizações que possuem cursos preparatórios para essas provas. Não mudam, necessariamente, os princípios pedagógicos, mas novos materiais didáticos, mais adequados para o desenvolvimento do conjunto dos sistemas cognitivos dos estudantes, passam a ser produzidos, superando os tradi- cionais exercícios modelares que recheiam a maioria das apostilas e livros didáticos destinados ao Ensino Médio. Com essa prática, eram selecionados estudantes mais bem treinados e não os mais desenvolvidos cognitivamente. A seleção de pessoas para vagas mais disputadas vai continuar como prática social como em todas as organizações sociais. Espera-se, no entanto, que todos passem a ter preparação intelectual básica adequada para atuarem com sabedoria num contexto tecno-sociocultural de grande complexidade que se vive hoje. Mesmo que o efeito indutor de mudanças na educação escolar básica seja grande, ele não é suficiente para resolver todos os problemas educacionais. As diferenças de oportunidades para o acesso à educação com boa qualidade têm suas raízes na desigualdade social e geopolítica. Políticas afirmativas inclusivas, como diversas soluções tentadas na definição de cotas para segmentos sociais historicamente desfavorecidos, embora necessárias, não são suficientes. É necessário que a escola pública tenha possibilidade real de melhorar a oferta da qualidade educativa requerida em todas as suas redes e unidades escolares. Ao valorizar com peso di- ferente a nota na disputa de uma vaga pelo fato de o candidato ter cursado escola pública vai produzir novas distorções e injustiças. Já existem movimentos que levam estudantes de poder aquisitivo bom a frequentarem, em um turno, a escola pública e, em outro, cursos preparatórios pagos com valores expressivos. Configura-se nessa situação duplo privilégio. Assim, a melhor solução é a escola pública, como política de Estado, de alta qualidade e integral para todos. Temos a pretensão de, com a Química Nova na Escola, contribuir para que os professores de Química tenham melhores condições de fazer educação básica da melhor qualidade possível dentro das condições em que trabalham. Para isso, é fundamental que toda a comunidade de professores e educadores da área da Química participem, de forma constante e intensa, na produção, avaliação e crítica aos artigos que se coloca à disposição. Temos consciência que algumas características da Revista e de sua produção dentro de uma comunidade de educadores, a Divisão de Ensino da SBQ, precisam ser redefinidas. Esperamos que isso possa acontecer em diversos níveis e fóruns neste ano em que comemoramos 15 anos existência. Como editores, já estamos tomando iniciativas nesse sentido. Este número marca o retorno da seção Elemento Químico em novo formato, que permitirá aos leitores terem mais informações sobre suas propriedades, fontes de produção, aplicações etc. Dessa feita, o elemento Rádio, que deu origem ao termo radioatividade e cuja descoberta e caracterização renderam o primeiro Nobel a uma mulher, a polonesa Marie Curie, será objeto de nossa leitura. Dois textos nos mostram como a Química pode aproximar-se das ciências agrárias. De um lado, por desenvolver processos que levam ao aproveitamento completo de uma oleaginosa e, de outro, por produzir insumos que minimizam a presença de pragas, mas que também podem agredir o meio ambiente. Nesse sentido, é bastante importante tomarmos consciência das formas racional e ambientalmente corretas de manejar resíduos, conforme nos esclarece o artigo sobre gestão de resíduos no laboratório didático. Outras questões sobre organização e atividades de ensino são contempladas, incluindo desta vez a necessária discussão sobre o lugar da Química no 9º ano do Ensino Fundamental.
Editores e Editor Associado

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