Na 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), realizada em maio em Florianópolis, a Divisão de Ensino de Química promoveu o workshop Passado, presente e futuro do ensino de química no Brasil, que contou com a participação de Roseli Pacheco Schnetzler, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Eduardo Fleury Mortimer, Roberto Ribeiro da Silva, Otavio Aloísio Maldaner e José Luís de Paula Barros Silva. Esse seminário demonstrou o quanto a pesquisa em educação em Química no Brasil tem contribuído para mudanças no ensino e os desafios que ainda temos por enfrentar. Esse evento se inseriu dentro da celebração do Ano Internacional da Química (AIQ-2011), que busca construir uma nova imagem desta na população. No workshop, foram apresentadas contribuições que nós, educadores químicos brasileiros, temos feito nos últimos 30 anos. As nossas pesquisas em educação química buscam desmistificar esta como ciência inacessível e popularizar o seu conhecimento para uma vida melhor. Temos identificado dificuldades no processo de ensino e aprendizagem da química e temos desenvolvido propostas de atividades pedagógicas que têm demonstrado ser eficientes no seu aprendizado. As novas práticas de ensino propostas rompem com o método tradicional de ensino baseado quase exclusivamente na apresentação oral pelo professor da linguagem química por meio de fórmulas que se apresentam demasiadamente abstratas para muitos de nossos alunos. A QNEsc se constitui no veículo das novas ideias que vêm sendo produzidas pela comunidade de educadores químicos. Em nossos artigos, os professores encontram resultados de pesquisas, propostas de ensino, relatos de experiências, sugestões de experimentos, além de reflexões sobre questões conceituais em química. No entanto, como apontaram os colegas no workshop, muitos desafios ainda temos que enfrentar. Sem dúvida, não há mudança na educação sem que ocorram alterações nas condições de trabalho dos professores. Entendemos que a celebração do AIQ alcançaria um público muito maior e com resultados mais eficazes se a sociedade brasileira aumentasse os investimentos em educação e valorizasse o professor de química. Neste número, fornecemos aos leitores um conjunto de artigos que refletem sobre a popularização da ciência por meio da inserção do ensino de Química no contexto sociocultural dos estudantes. Um desses artigos retoma o tema saberes populares já abordado na QNEsc, com os autores apresentando resultados de pesquisa que investigou saberes populares relacionados ao preparo artesanal do pão. No artigo Por que foi mesmo que a gente foi lá?, são descritos resultados de investigação sobre os objetivos dos professores ao visitar um parque de ciência. As conclusões trazem reflexões importantes sobre a divulgação científica. Ainda na perspectiva de contextualização, temos artigos de relatos de experiências em sala de aula. Um sobre a utilização do cinema na sala de aula de química, em que se descreve o uso de um filme comercial para abordagem dos conteúdos de funções orgânicas e bioquímica. No artigo Desafio militar: missão dada é missão cumprida, demonstra-se a aplicação dos princípios da contextualização e interdisciplinaridade na educação química em uma escola militar. Outro relato de experiência, desenvolvido na Amazônia, é apresentado em Bulas de medicamentos, vídeo educativo e biopirataria. No último artigo de relato de experiência, SOS Mogi Guaçu, os autores descrevem a aplicação do estudo de caso, no qual as atividades didáticas favoreceram a busca e a análise de informações relacionadas à poluição de ambientes aquáticos. No artigo A matriz de referência do Enem 2009 e o desafio de recriar o currículo de química na educação básica, os autores analisam o que é preconizado para o ensino na Matriz de Referência do Enem 2009 e identificam importantes contradições nos documentos que podem induzir às interpretações equivocadas. Finalmente encerramos a revista com o artigo Bismuto, que é um dos últimos a fechar a série de publicação que tivemos na QNEsc na seção Elementos químicos. A partir desta edição, os editores não mais receberão artigos para essa seção. Apenas os manuscritos já submetidos que forem aprovados serão publicados. Esperamos, caro colega, que você que faz educação química no dia a dia da escola possa encontrar nas páginas de nossa revista contribuições que venham ajudar na construção de uma nova imagem da Química.
Os editores