Iniciamos mais um ano e, dessa vez, ele nos reserva uma importante celebração: 2011 é o Ano Internacional da Química (AIQ), o qual foi instituído na 63ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) com o intuito de promover o conhecimento e a educação em Química em todos os níveis. No plano internacional, a coordenação das ações do AIQ compete à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e à União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Química e outras entidades afins realizarão diversas atividades, entre elas a publicação do manual A química perto de você, que traz uma série de experimentos de baixo custo para a sala de aula, incluindo alguns já publicados em Química Nova na Escola. A propósito, esse livro já se encontra disponível para aquisição gratuita na página oficial do AIQ no Brasil.
A Divisão de Ensino promoverá um workshop durante a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química para celebrar o AIQ com o título Passado, presente e futuro do ensino de química no Brasil. Essa atividade, com duração de um dia, promoverá uma ampla reflexão sobre o estado da arte da área e suas contribuições para termos a "Química para um mundo melhor", slogan adotado pela UNESCO e IUPAQ. Química Nova na Escola se prepara para lançar novos Cadernos Temáticos também com o intuito de promover o Ensino de Química nas escolas e nos centros de formação de professores.
Essa celebração nos levará a divulgar a Química e seus avanços, bem como nos fará refletir sobre o papel da ciência no desenvolvimento humano; a preservação e o manejo dos recursos naturais; e para nós do Ensino de Química, a formação de profissionais e cidadãos para um mundo em acelerada transformação. É importante elevarmos o senso crítico para compreender não apenas os avanços, mas também as limitações que a ausência do conhecimento e suas aplicações impõem àqueles que deles não se beneficiam. Mais do que celebrar a ciência, queremos congregar pessoas que se comprometam verdadeiramente com a Química para um mundo melhor.
Neste número, levamos ao leitor dois artigos sobre a educação inclusiva para surdos. Em “Terminologias Química em Libras: a utilização de sinais na aprendizagem de alunos surdos”, revela-se a dificuldade encontrada pelos professores para trabalhar conteúdos da Química com alunos surdos, pois, entre outras razões, a especificidade da linguagem química e a escassez de termos químicos na língua de sinais formam verdadeiras barreiras para o aprendizado. Outro ponto de destaque é o papel do tradutor da língua de sinais e sua interação com professores e alunos na sala de aula. Em “Aula de Química e Surdez: sobre interações pedagógicas mediadas pela visão”, utilizaram-se recursos visuais de partículas e de seus instrumentos de medida para mediar o ensino de atomística. Os dois artigos colocam em pauta o papel das linguagens no ensino de química e, em particular, quando esse ensino visa à inclusão.
Também trazemos o tema do currículo na formação de professores, a partir de trabalhos de conclusão de curso de licenciandos, em uma análise que envolveu mais de 250 trabalhos. A elaboração de fotonovelas por estudantes do Ensino Médio, a produção de biogás por meio de dispositivos simples e de fácil acesso, a extração de DNA ou pictina e sua controvérsia no ensino de macromoléculas são alguns dos outros importantes temas que circulam neste primeiro número do AIQ. Certamente, Química Nova na Escola trará outras contribuições neste ano de celebração no sentido de dotar os profissionais do ensino de química dos meios para transformar o mundo em um lugar melhor.
Os Editores