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Química Nova na Escola
Vol. 46 No 3
Agosto de 2024

Editorial

Olimpíadas 2024: emoção para atletas e torcedores

Entre 26 de julho e 11 de agosto aconteceu em Paris, França, mais uma edição dos Jogos Olímpicos. A cerimônia de abertura, realizada no coração da cidade, forneceu os primeiros indícios do caráter inovador do evento. Dentro e fora das arenas, os Jogos Olímpicos retrataram o momento em que vivemos, com a disseminação do uso da Inteligência Artificial e de inovações no monitoramento dos atletas, por exemplo. Momento, por outro lado, também permeado de tensões geopolíticas, que levaram às ruas da cidade manifestações vinculadas às guerras entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, e entre Rússia e Ucrânia. Nesse contexto, não há esperança de respeito à Trégua Olímpica, que remonta aos Jogos da Grécia Antiga, e que prevê a interrupção dos conflitos armados sete dias antes e sete dias após a sua realização; mas é seguro o desencadeamento de um turbilhão de emoções para atletas e torcedores no mundo todo. Como não ficar encantado frente à emblemática fotografia do surfista Gabriel Medina parado no ar, com sua prancha ao lado, fazendo sinal com o dedo indicador erguido? Ou da imagem das ginastas estadunidenses reverenciando a medalhista de ouro Rebeca Andrade no pódio? Para os torcedores brasileiros, as Olimpíadas de Paris 2024 marcaram a consagração das mulheres atletas, que garantiram a maioria das medalhas obtidas pela equipe nacional. Merecem particular destaque as mulheres negras – como as campeãs individuais em suas modalidades, Beatriz Souza (judô) e Rebeca Andrade. Que esse desempenho sirva de inspiração para todos os grupos sociais historicamente discriminados, para prosseguir em sua luta para vencer os preconceitos. Outra lição que pode ser aprendida ao observar a trajetória do Brasil nos recentes Jogos Olímpicos: para alcançar e manter a excelência, são necessários investimentos e instituições formadoras que permaneçam no tempo, com profissionais capacitados e instalações adequadas. Assim o Brasil se tornou uma das potências no judô e vem obtendo resultados cada vez melhores na ginástica artística. Essa “receita” de sucesso no esporte de alto rendimento vale também para as Universidades e Institutos de Pesquisa – que, se receberem a devida atenção na forma de políticas públicas duradouras, produzirão resultados tão brilhantes para o país quanto o ouro das medalhas olímpicas. Esta edição de Química Nova na Escola saúda os esforços e sucessos dos atletas brasileiros e, assim como eles, procura oferecer o melhor de si, apresentando as seguintes seções: Espaço Aberto, Relatos de Sala de Aula, Ensino de Química em Foco e Cadernos de Pesquisa. Os dois artigos presentes na seção Espaço Aberto estão perfeitamente alinhados com o seu propósito de divulgar “temas que igualmente se situam dentro da área de interesse dos educadores em Química, de forma a incorporar a diversidade temática existente hoje na pesquisa e na prática pedagógica da área de ensino de Química, bem como desenvolver a interface com a pesquisa educacional mais geral”. Com efeito, no artigo “A educação para as relações étnico-raciais no ensino e na formação de docentes de Química: implicações do campo de estudos sobre a branquitude”, os autores discutem aspectos muito atuais relativos a questões étnico-raciais na Educação. É relatada a abordagem da temática da branquitude no Ensino de Química, no contexto de uma componente curricular que contempla a História e Filosofia da Química no Ensino de Química, e é destacada a relevância da articulação do campo de estudos sobre branquitude ao ensino e à formação de docentes de Química. O artigo “Poesia ‘comciência’: uma gota, o tempo, um químico ‘invisível’ e um Machado”, por sua vez, amplia a discussão sobre os poemas na Educação em Ciências, com destaque para a Educação em Química. Para tanto, os autores realizam a análise linguística e estética de duas produções poéticas, A gota e O tempo, e tecem considerações sobre o uso de poemas como alternativa para o delineamento de atividades didáticas. As seções Relatos de Sala de Aula e Ensino de Química em Foco abordam três ações levadas a cabo durante a pandemia de covid-19. A primeira, relatada no artigo “Oficinas temáticas desenvolvidas online: potencialidades para o ensino de Química”, traz reflexões e discussões sobre soluções propostas por licenciandos em Química, no âmbito do Programa de Residência Pedagógica (PRP), com base na realização de oficinas temáticas oferecidas no contexto de um ensino remoto emergencial de qualidade para os estudantes da Educação Básica. A segunda, reportada no artigo “Atitudes e intencionalidades com um jogo educativo formalizado: reflexões sobre a ação de umprograma de formação do professor de Química”, também ocorre no contexto do PRP, e se fundamenta em reflexões de professores supervisores do Programa e de uma licencianda. A terceira ação, descrita no artigo “Infográfico Dinâmico: recurso técnico e semiótico para sistematização de conceitos científicos em um curso de formação de professores”, trata de um curso de formação de professores de Ciências Exatas e Naturais da Educação Básica, promovido pelo Centro de Ensino Integrado de Química, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. A seção Cadernos de Pesquisa traz dois artigos: o primeiro, de caráter bibliográfico, tem como título “Cinética química – um olhar sobre a literatura entre 1983 e 2021” e traça um panorama sobre as pesquisas e propostas didáticas que abordam o ensino de cinética química, fazendo uso do software IRAMUTEQ para análise dos dados coletados. Osegundo artigo, intitulado “Uma proposta de instrumento para avaliação de perfis epistemológicos de densidade com teste em três camadas”, traz em seu bojo o propósito de contribuir para a superação de um dos desafios da pesquisa na área de Ensino de Química, que se relaciona com a construção de ferramentas metodológicas capazes de acessar e avaliar os objetos de estudo. Desejamos uma ótima leitura a todos!

 

Paulo Alves Porto 
Instituto de Química, Universidade de São Paulo (USP),
São Paulo-SP, Brasil

 

Salete Linhares Queiroz 
Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP),
São Carlos-SP, Brasil

 

Editores de QNEsc

 

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