O Ensino de Química no contexto de mudanças políticas, econômicas, sociais e ambientais
Esta edição especial de Química Nova na Escola reúne artigos selecionados dentre os trabalhos apresentados na XVIII edição do Encontro Centro-Oeste de Debates sobre o Ensino de Química (ECODEQ). O Encontro, promovido por educadores, alunos e colaboradores da Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Universitário do Araguaia, ocorreu nos dias 08, 09 e 10 de setembro de 2021, em Barra do Garças, Mato Grosso, e foi realizado de forma 100% virtual devido à pandemia de covid-19.
O ECODEQ é um evento bienal, criado por educadores da área de Ensino de Química da região Centro-Oeste do Brasil (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal), que ocorre desde 1989. Seu objetivo é promover a interação e o diálogo entre professores e pesquisadores da Educação Básica e do Ensino Superior, estudantes de Pós-Graduação, estudantes de Graduação e estudantes do Ensino Médio, sobre diferentes temas relacionados com a área de Ensino de Química. O evento possibilita a divulgação de trabalhos de pesquisa, ações e construções em torno das conquistas, necessidades e perspectivas para a pesquisa e o ensino de Química na região Centro-Oeste.
Do total de 154 trabalhos submetidos ao XVIII ECODEQ, 147 foram aprovados e apresentados, distribuídos nas temáticas: Ensino e Aprendizagem; Formação de Professores; Materiais Didáticos; Linguagem e Cognição; Experimentação no Ensino; História, Filosofia e Sociologia da Ciência; Educação em Espaços Não-formais e Divulgação Científica; Tecnologias da Informação e Comunicação; Educação Ambiental; Abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade; Currículo e Avaliação; Diversidade e Inclusão; Cultura e Regionalidade do Centro-Oeste.
Embora os participantes estivessem fisicamente distantes uns dos outros, o XVIII ECODEQ reuniu virtualmente uma quantidade de pesquisadores muito maior do que em suas edições anteriores, não apenas do Centro-Oeste, mas de todo o Brasil. O distanciamento físico e a aproximação virtual se tornam um paradoxo para as relações humanas no meio acadêmico, com o qual somente as vivências no período pós-pandemia vão nos indicar como lidar.
Alguns dos trabalhos apresentados no ECODEQ foram selecionados e seus autores convidados a transformá-los em artigos, que passaram pelo processo habitual de análise por pares feito pela QNEsc. Os artigos assim reunidos nesta edição refletem um pouco da diversidade de temas e abordagens que estiveram presentes no evento. A investigação sobre livros didáticos e diferentes possibilidades de contextualização
de conceitos comparece no artigo “Análise sobre as formas de apresentação do conhecimento químico: o conceito de ligações químicas em livros didáticos”. O ensino de outro importante conceito, tomando como referência publicações em periódicos editados pela PubliSBQ, é objeto de estudo no artigo “O tema radioatividade nas revistas da SBQ e as possíveis contribuições para o ensino de radioatividade na educação básica”. Abordagens inovadoras para o ensino aparecem nesta edição sob diferentes pontos de vista. Uma perspectiva teórica para a análise de jogos desenvolvidos para contextos educacionais é oferecida pelos autores de “Análise de elementos corruptivos dos jogos educativos publicados na QNEsc (2012-2021) na perspectiva de Caillois”. A interdisciplinaridade em duas propostas de ensino exemplifica a importância dessa temática no cenário atual. Uma delas procura aproximar ciência e arte, como pode ser visto no artigo “Poemas no ensino de Química: traçando rumos para um ensino associativo entre Ciência e Arte”. Outra forma de arte – a música – está presente na segunda proposta, juntamente com aspectos de outras disciplinas em suas interfaces com o conhecimento químico, descrita no artigo “Disco de vinil como um tema de extensão universitária”. Também a inserção da Química no contexto de populações periféricas e historicamente oprimidas por preconceitos é uma temática cuja discussão é muito necessária na atualidade, e o artigo “A comunicação crítica e popular e a Química: potencializando a educação para as relações étnico-raciais” oferece uma contribuição para o debate. Tendo em vista ainda a relevância de abordar temas sociocientíficos para promover a aprendizagem da Química, um dos artigos desta edição analisa diferentes concepções de energia discutidas por estudantes, como o leitor pode conferir em “Uma sequência didática sobre o conceito de energia utilizando questões sociocientíficas a partir da Teoria dos Perfis Conceituais”.
Agradecemos aos participantes, organizadores e a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização do XVIII ECODEQ. O esforço de todas essas pessoas foi o que nos possibilitou oferecer ao nosso público leitor esta edição especial de QNEsc.
Boa leitura!
Graziele Borges de Oliveira Pena
Coordenadora Geral do XVIII ECODEQ
Paulo Alves Porto
Salete Linhares Queiroz
Editores de QNEsc