Estamos chegando ao final de 2003 e no momento que você estiver lendo este número 18 de Química Nova na Escola o novo governo estará perto de completar um ano no poder. Sinal positivo desses novos tempos que estamos vivendo foi o convite dirigido à Sociedade Brasileira de Química (SBQ), para participar, juntamente com outras sociedades científicas, de reuniões que a Secretaria de Educação Média e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC) promovia visando colher subsídios para elaborar um plano de Educação para as Ciências, com ênfase na melhoria da qualidade do ensino de nível médio de Química, Física, Biologia e Matemática. Desde então, a Divisão de Ensino de Química da SBQ tem participado dessas reuniões, procurando compartilhar a sua experiência na promoção de várias iniciativas que buscam melhorar o ensino da Química, como a produção desta revista e dos Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, a implementação do Portal da Divisão de Ensino de Química e toda uma série de ações dentro do projeto de produção de material didático e formação continuada de professores financiado pela Vitae e pelo CNPq. Em setembro, o MEC distribuiu o documento intitulado “A Ciência é de todos” para discussão e sugestões das sociedades científicas (o documento, bem como os comentários recebidos e as manifestações das sociedades científicas, está disponível no Portal da Divisão de Ensino de Química, www.sbq.org.br/ensino). É importante e louvável que o MEC consulte as sociedades científicas antes de elaborar sua política para a melhoria do ensino de Ciências no Brasil. Gostaríamos de compartilhar com o leitor algumas sugestões que a Divisão de Ensino de Química considera importantes, a serem oferecidas às autoridades educacionais brasileiras. Entendemos que é importante que sejam retomados programas de financiamento a projetos de melhoria do ensino de Ciências e de formação continuada de professores, a exemplo do que aconteceu no passado com o Sub-Programa Educação para a Ciência (SPEC) do PACDT e o Pró-Ciências, da CAPES. Entendemos que a melhor maneira desses programas funcio- narem é por meio de editais públicos para financiamento de projetos, que devem ser avaliados e julgados por pares. Por outro lado, nos preocupa a decisão do Ministério de Ciência e Tecno- logia (MCT), já anunciada publicamente, de comprar e distribuir kits de laboratório para as escolas. Nos preocupa também o fato de que o MEC, inicialmente contrário à iniciativa, pareça estar aderindo. Experiências seme- lhantes no passado resultaram no desperdício de recursos, que acabam não sendo utilizados e se transformando em sucatas. Entendemos que qual- quer iniciativa de melhorar as condições de trabalho dos professores nas escolas deve ser negociada com cada equipe, por escola, para atender as demandas reais dos professores e evitar o desperdício. Para isso, o MCT poderia, por exemplo, abrir editais para financiar projetos de escolas para a melhoria da infraestrutura das escolas nas áreas de Química, Física e Biologia. Também entendemos que a Divisão de Ensino de Química da SBQ deve continuar a participar das iniciativas do MEC para a área de Educação em Ciências, mantendo sua postura crítica e de independência. Muito temos a oferecer às autoridades educacionais do país. Esperamos que o MEC, ao tomar suas decisões, seja capaz de levar em consideração nossa experiência na área e ouvir nossas sugestões. Por último, gostaríamos de conclamar a comunidade de professores de Química e os sócios da Divisão de Ensino de Química da SBQ a participar do debate sobre as propostas apresentadas pelo MEC. Acesse o Portal, leia os documentos e dê suas sugestões. Vamos fazer do nosso Portal um espaço vivo para o debate do ensino da Química.
Editores e Conselho Editorial