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Química Nova na Escola
Vol. 06
Novembro de 1997

Editorial

Recentemente, o Ministério da Educação e do Desporto lançou a versão definitiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da 1ª à 4ª séries. Ao contrário do que muitos podem pensar, tais diretrizes não constituem ação isolada, mas inserem-se no conjunto de políticas curriculares do atual governo, que incluem ainda os PCN da 5ª à 8ª séries (em fase de elaboração, sem maiores divulgações), a proposta de resolução sobre a organização curricular do ensino médio (enviada ao Conselho Nacional de Educação para apreciação) e políticas de avaliação dos sistemas de ensino. Ampliando nossa análise sobre o tema, constatamos como essas políticas educacionais, voltadas para a definição de um currículo nacional, são centrais em diversos países, como Argentina, Chile, Inglaterra, Espanha e Estados Unidos. Ou seja, a educação e o currículo vêm sendo colocados no centro das tentativas de diferentes governos de reestruturar a sociedade em função dos atuais objetivos do capitalismo globalizado, por meio da organização de padrões culturais comuns. Sem desconsiderar questionamentos ao conteúdo destas propostas curriculares, a comunidade educacional brasileira tem centralizado suas críticas quanto à maneira como elas vêm sendo elaboradas, sem um de- bate mais amplo com a sociedade em geral e com os educadores e as educadoras em particular sem que os diferentes grupos sociais possam apresentar seu entendimento quanto ao que se concebe como um suposto padrão cultural comum e um possível, ainda que discutível, currículo nacional. Nós, editores e editoras de Química Nova na Escola, queremos enfatizar neste momento a importância intelectual, mas sobretudo política, desse debate. Ao mesmo tempo, queremos salientar a necessidade de a comunidade de educadores e educadoras em química, também integrantes da comunidade educacional mais ampla, se posicionar ante essas questões, especialmente no que se refere à reforma do ensino médio, ainda em fase de discussão. Por exemplo, a proposta de resolução para o ensino médio, em linhas gerais, prevê a organização curricular em áreas — Ciência & Tecnologia, Sociedade & Cultura e Códigos & Linguagens —, estabelece o princípio de trabalho inter ou transdisciplinar, ainda sem uma definição mais clara, e propõe que a carga horária curricular se componha de 75% de uma base comum nacional e 25% de uma parte diversificada, a critério da escola e/ou do sistema de ensino. Quais as conseqüências dessa proposta para o ensino de química? Uma base comum nacional para o ensino médio, compreendendo 75% da carga horária, será capaz de incorporar as variadas propostas de ensino de química atualmente realizadas por nossa comunidade? Será capaz de dar conta da diversidade cultural brasileira, tema cada vez mais presente em nossas reflexões educacionais? Quais as conseqüências dos processos de avaliação dos sistemas de ensino segundo os parâmetros e as matrizes curriculares nacionais? Essas e outras questões fazem parte deste debate que precisamos enfrentar o quanto antes. Na medida em que compreendemos a educação através da química como um processo integrado a um currículo escolar mais amplo, não podemos deixar de nos posicionar ante diretrizes que tendem a ser apresentadas como a única possibilidade curricular válida e o único conhecimento escolar legítimo.
A partir deste número, Química Nova na Escola passa a contar com uma nova seção, “Educação em Química e Multimídia”, tendo como editor o prof. Marcelo Giordan. Essa seção procura incentivar a inserção, no ensino de química, das novas tecnologias comunicacionais que cada vez mais fazem parte do cotidiano das pessoas.
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