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Química Nova na Escola
Vol. 45 No1
Fevereiro de 2023

Editorial

Futuro promissor

 

Não foram poucos os Editoriais de cunho pessimista publicados nesta revista durante o período de vigência da administração federal encerrada em dezembro de 2022. Passar os olhos por alguns deles pode até despertar nos leitores lembranças da coleção de livros infanto-juvenis denominada Desventuras em série, de Lemony Snicket, que traz a narrativa da trágica infância dos irmãos Violet, Klaus e Sunny Baudelaire a partir do momento em que se tornam órfãos. De fato, somente situações nas quais momentos desventurosos se mostraram, recorrentemente, mais duradouros que os de tranquilidade, são capazes de justificar títulos como os que seguem: “Desmonte da Educação e da pesquisa no Brasil”; “Novas Diretrizes, velhos problemas”; “ENEM, a vítima da vez”; “Esperança, mesmo que em tempos difíceis”; “A pesquisa científica no Brasil agoniza”. Portanto, é com imensa satisfação e grande dose de alívio e esperança, que escrevemos este Editorial e o denominamos “Futuro promissor”.

Notícias relacionadas à preservação do meio ambiente, com a retomada da composição dos órgãos responsáveis pelo Fundo Amazônia e Fundo Clima, em oposição ao estrangulamento de órgãos ambientais, dentre outras ações, são auspiciosas e voltam a ocupar espaço na mídia. O abandono da postura omissa do governo federal frente à tragédia humanitária vivenciada na Terra Indígena Yanomami, por sua vez, ameniza a vergonha de toda uma nação, que tem se mostrado atônita e aturdida diante de imagens de crianças e idosos em situação de desnutrição e completo descaso. No Ministério da Educação, que recentemente sofreu com gestões curtas e polêmicas, registra-se a chegada ao comando do ex-governador do Ceará, Camilo Santana, estado onde o Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) tem rendido ótimos frutos. É de se destacar também a posse de Ricardo Galvão na presidência do CNPq, respeitado cientista que fora exonerado de maneira infame da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em 2019, após denunciar os dados mentirosos que eram divulgados pelo governo na ocasião para acobertar o desmatamento na Amazônia. São ainda da mais extrema relevância as iniciativas contundentes tomadas no sentido de proteger as instituições republicanas, atacadas de forma ultrajante no dia 8 de janeiro do corrente ano, e conferem ao povo brasileiro esperanças em um futuro promissor.  

Confiando na chegada de tempos melhores, Química Nova na Escola apresenta aos leitores mais uma edição. Neste número, ganham destaque experiências relacionadas ao período no qual as aulas presenciais foram suspensas a fim de prevenir a transmissão da covid-19. No que se refere ao Ensino Médio, o artigo “Projeto ‘Ciência e Pandemia’: análise de uma intervenção pedagógica para aumentar a participação dos alunos nas atividades remotas de ciências e matemática” relata uma atividade didática na qual foram estabelecidas associações entre tópicos que vinculam a ciência e a pandemia, tendo sido observada uma acentuação no engajamento dos alunos no ensino remoto. No Ensino Técnico, foi aplicado um projeto de ensino interdisciplinar, baseado na criação de um mangá, em disciplinas de química geral, química ambiental e biossegurança, no qual os alunos lidaram com temáticas como energia, meio ambiente, biossegurança, radiação, ética e inclusão no ambiente de trabalho, apresentado no artigo “O uso de mangás como recurso didático para o ensino de química”. No Ensino Superior, foram divulgadas duas ações em disciplinas oferecidas, respectivamente, em cursos de bacharelado e licenciatura em química: a primeira, descrita no artigo “Aplicação de ferramentas pedagógicas na disciplina de química orgânica I de forma remota”, enfatizou o oferecimento de monitorias e de solicitação de resolução de listas de exercícios, além da construção de mapas conceituais e da leitura de textos de divulgação científica; a segunda, relatada no texto “Explorando o pensamento químico de licenciandos em aulas experimentais remotas”, dedicou especial atenção à viabilização de aulas experimentais remotas, com abordagem investigativa, priorizando o uso do pensamento químico por parte dos alunos.

Nesta edição também estão presentes assuntos que, com assiduidade, estampam as páginas de Química Nova na Escola, como as atividades lúdicas e as experimentais. No artigo “Trilha do Metano: uma proposta de jogo didático sobre saneamento básico e aproveitamento energético do esgoto sanitário para o ensino de química”, o jogo desenvolvido pelos autores é dividido em etapas, que incluem o esgoto sanitário, coleta e tratamento, rota metabólica e aproveitamento energético, e permite a abordagem de questões conceituais, socioambientais e culturais. No artigo “Ensino de eletroquímica no ensino médio por meio de uma atividade experimental com abordagem de equilíbrios simultâneos de oxirredução e de complexação” é apresentada ao leitor a montagem e utilização de um kit experimental sobre a temática em questão, tendo em vista o incremento do processo de ensino e aprendizagem.

Completam esta edição os artigos “A história do promécio e o conceito de descoberta científica” e “Análise e caracterização das provas da Olimpíada de Química do Rio Grande do Sul”. A descoberta do promécio, reconhecida apenas em 1947, dá margem para discussões envolvendo aspectos da história e filosofia das ciências, enquanto reflexões oriundas da pesquisa sobre as Olimpíada de Química do Rio Grande do Sul podem contribuir com o aperfeiçoamento de provas dessa natureza.

Desejamos a todos uma ótima leitura e fé no futuro, que seja, de fato, promissor! 

 

Paulo Alves Porto
Salete Linhares Queiroz

Editores de QNEsc

Sociedade Brasileira de Química © 2024

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impreso ISSN 0104-8899
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