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Química Nova na Escola
Vol. 45 No3
Agosto de 2023

Editorial

Amazônia: busca por caminhos para o desenvolvimento econômico sustentável

 Neste mês de agosto dois eventos ocorridos em Belém do Pará colocaram a Amazônia em evidência: a Cúpula da Amazônia e a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias. Dentre os participantes do primeiro estavam chefes de Estado e representantes dos oito países amazônicos: Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela. O segundo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), contou com a presença de representantes do governo, da academia, da sociedade civil, dos povos da floresta e de lideranças que atuam em iniciativas relacionadas à Amazônia, aí incluídos Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, e Ban Ki-moon, exsecretário-geral da ONU. A grandiosidade territorial da Amazônia, a exuberância de sua biodiversidade e riqueza de recursos naturais foram mais do que suficientes para atrair as atenções internacionais, especialmente no atual contexto mundial, no qual se tornam assustadoras as mudanças cli￾máticas e os prejuízos que acarretam. 

Durante os eventos, a riqueza do subsolo regional e seu grande potencial hídrico, dentre outros assuntos, como o desmatamento e o garimpo ilegal, geraram preocupação e desencadearam discussões e reflexões sobre a maneira como os valiosos recursos naturais locais podem ser aproveitados de forma sustentável. Notadamente, posturas mais ativas por parte do Estado e da sociedade civil, capazes de mudar a lógica predatória dominante na região, foram repetidamente apontadas como necessárias para o delineamento de um caminho que coloque a Amazônia na linha de frente da denominada economia verde, alavancando o desenvolvimento sustentável, o crescimento social e econômico. A reativação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), de caráter intergovernamental, formada pelos países amazônicos, é uma iniciativa resultante da Cúpula da Amazônia que exemplifica postura dessa natureza, pois a Organização tem o compromisso de propor soluções e desenvolver ações que fomentem o desenvolvimento de iniciativas sociais, ambientais, econômicas e tecnológicas para a Amazônia. 

Na expectativa de que a região amazônica seja explorada com critério e tratada de forma cuidadosa, Química Nova na Escola apresenta aos leitores mais uma edição. Neste número, a produção de materiais didáticos é abordada em três artigos. Em “Construção de modelo molecular a partir da reutilização de garrafas PET: propostas para o ensino de química”, os autores descrevem um procedimento detalhado que viabiliza a construção de um modelo molecular com dimensões adequadas para utilização em turmas médias e grandes, versátil o suficiente para permitir a abordagem de tópicos como grupos funcionais, análise conformacional e geometria molecular. A atenção é voltada para estudantes com deficiência visual em outro artigo, que relata a construção de um kit molecular no qual cada átomo é confeccionado com tamanhos e cores diferenciadas, com as devidas simbologias em braile, projetado para favorecer a abordagem de temas como estereoquímica e ligações químicas: “Kit molecular inclusivo para deficientes visuais no ensino de estruturas tri￾dimensionais”. No artigo “Supernova: um jogo didático que aborda a tabela periódica e os elementos químicos utilizando a astronomia”, a construção de um jogo de respostas do tipo tabuleiro é apresentada ao leitor. O avançar dos jogadores em relação ao tabuleiro faz uma analogia aos estágios da existência de uma estrela, com destaque para o processo da síntese dos elementos no seu interior, relacionando o tema tabela periódica e elementos químicos com a astronomia.

A formação inicial e continuada de professores é colocada em pauta em três artigos, um deles na perspectiva da análise do Programa Residência Pedagógica e os demais no contexto da aplicação de atividades didáticas em Cursos de Licenciatura em Química. Os autores do artigo “Residência Pedagógica em Química: compreensões e perspectivas para a formação” investigaram as percepções de professores de Química sobre a participação no Programa e sobre as suas contribuições para a formação profissional, obtendo indicativo de aporte para a formação, principalmente, devido ao contato com novas estratégias didáticas. O artigo “Ensino de química orgânica a partir da temática óleos essenciais no combate ao mosquito Aedes aegypti” relata a aplicação de estratégia didática junto a licenciandos em Química, pautada na revisão de conteúdos de química orgânica, por meio da abordagem dos óleos essenciais como larvicidas naturais contra o mosquito Aedes aegypti. Também investigando um Curso de Licenciatura em Química, os autores do artigo “O papel da rememoração na construção de significados em uma aula experimental sobre titulação ácido-base” analisaram, fundamentados na Teoria da Rememoração, a construção de significados sobre o conteúdo ácido-base por alunos de graduação.

Os artigos que encerram este número, ambos presentes na seção Cadernos de Pesquisa, são intitulados “A interação de estudantes com vídeos do programa ‘Pense como um Corvo’: as formas de pensar da Ciência e a elaboração de previsões e hipóteses” e “O cotidiano em artigos da Química Nova na Escola: contribuições a partir da análise de redes”, e tratam, respectivamente, de assuntos que são constantemente apontados como relevantes para o ensino de Química: a construção de uma visão mais ampla do empreendimento científico e a abordagem de aspectos do cotidiano em salas de aula dessa disciplina.

Para a nossa tristeza, em maio a comunidade de educadores químicos despediu-se de Nicéa Quintino Amauro, docente da Universidade Federal de Uberlândia e ex-presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as, colaboradora assídua da QNEsc, que nos brindou com artigo sobre interações discursivas em sala de aula no número anterior a este da revista. As lutas de Nicéa contra o racismo e sexismo seguramente inspirarão a geração atual e as futuras. 

Boa leitura a todos. 

 

Paulo Alves Porto
Salete Linhares Queiroz

Editores de QNEsc

Sociedade Brasileira de Química © 2024

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on-line ISSN 2175-2699
impreso ISSN 0104-8899
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