O Ministério da Educação divulgou o resultado da edição de 2013 do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) no princípio do mês de janeiro do corrente ano. Essa última edição, menos turbulenta do que as anteriores, contou com a inscrição de mais de sete milhões de candidatos, apontando para a consolidação desse exame como vestibular unificado, que proporciona a mobilidade dos estudantes dentro do país. O ENEM foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho dos concluintes da educação básica e, a partir de 2009, passou também a ser utilizado como mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior. Na ocasião, sofreu reestruturações metodológicas e teóricas com o intuito de aproximar a sua matriz de referência das proposições das Diretrizes Curriculares do Ensino Médio e tornar plausível o uso dos resultados nos processos seletivos nas universidades. É também utilizado para o acesso a programas oferecidos pelo governo federal, tais como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Ciência sem Fronteiras.
Tendo em vista a relevância e abrangência do exame, seus desdobramentos, implicações e fundamentos são alvo de constante atenção de educadores em química, o que acabou resultando, ao longo dos anos, na divulgação de artigos a ele referentes nas páginas da Química Nova na Escola. No artigo mais recente, A matriz de referência do ENEM 2009 e o desafio de recriar o currículo de química na educação básica, publicado em 2011, os autores destacaram o potencial do ENEM para emergir como uma possibilidade de indução de mudanças curriculares e pedagógicas que valorizem princípios como a interdisciplinaridade e a contextualização.
Por se tratar de uma iniciativa que pode ainda ser considerada recente, é difícil apresentar uma avaliação precisa do real significado do ENEM no âmbito da educação brasileira. No entanto, é possível contribuir, nesse contexto de novas exigências educativas, com o professor na sua prática. Esse tem sido um papel essencial que Química Nova na Escola procura desempenhar, ao trazer à baila questões que são de interesse de professores atuantes na área de química, dentre as quais, inclui-se a utilização de tecnologias de informação e comunicação (TIC) na educação.
Embora seja considerável o número de trabalhos existentes na literatura que respaldam o uso das TIC, a formação docente oferece, em geral, parcos subsídios para tal utilização em ambientes de ensino. Os cursos de licenciatura, em sua grande maioria, tratam as referidas tecnologias e seus recursos de maneira pouco aprofundada, fazendo com que a formação dos profissionais se paute fortemente na transmissão de informações teóricas, sem que se promova uma interação efetiva com os recursos disponibilizados pelas TIC, o que favoreceria a exploração de forma crítica destes.
Tal contexto causa preocupações, uma vez que é amplamente divulgada a ideia de que a formação inicial é um momento favorável para a formação no domínio das TIC, sendo durante esse período que os futuros professores desenvolvem sentimentos mais positivos no que tange à sua integração curricular na sala de aula. Apresentamos, no atual número de Química Nova na Escola, três artigos que abordam a temática, na perspectiva de que possam encorajar tanto a realização de futuras investigações a respeito quanto fomentar a inserção das TIC na escola: Blogs na formação inicial de professores de química, Relato sobre docência compartilhada em educação a distância e O diário virtual coletivo: um recurso para investigação dos saberes docentes na formação de professores de química de deficientes visuais.
Relatos de iniciativas vinculadas ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) estão também presentes neste número, fornecendo elementos capazes de fomentar a reflexão acerca dos impactos de experiências dessa natureza sobre a formação
inicial de professores de química.
Desejamos a todos uma ótima leitura!
Os editores