Ministério da Educação no Quadriênio 2015-2018: Propostas e Expectativas
Com a recente posse da presidente Dilma Rousseff para mais um mandato de quatro anos, dar ciência aos leitores sobre alguns planos traçados pelo novo Ministro da Educação, Cid Gomes, para a sua pasta é oportuno neste primeiro número do ano de 2015 da revista Química Nova na Escola. O Ministro, que esteve por dois mandatos consecutivos à frente do governo do estado do Ceará, tem resultados importantes a mostrar no âmbito educacional e, em particular, o Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC), por ele implementado em 2007 com o intuito de alfabetizar os alunos da rede pública até o final do segundo ano do ensino fundamental. Esse programa contribuiu com avanços no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de algumas cidades..
Nessa onda de proposição de novos programas, compete às sociedades científicas apresentarem suas contribuições e avaliações. Por exemplo, dentre os objetivos almejados, o ministro destaca a reforma do currículo do ensino médio, o estabelecimento de uma forma de avaliar professores, a criação de mais vagas em tempo integral nas escolas e a adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em uma versão online. Seguramente, são objetivos não consensuais na comunidade de educadores e muitos desafios precisarão ser vencidos para que venham a se concretizar. Cabe a cada um de nós, portanto, o acompanhamento das propostas, que serão oportunamente lançadas pelo Ministério, assim como o posicionamento crítico frente a elas. Somente dessa forma poderemos alimentar expectativas com relação ao oferecimento aos estudantes de um ensino que atenda aos interesses da maioria da população brasileira. Nessa perspectiva, neste número da revista, assim como em números anteriores, o leitor encontra subsídios capazes de auxiliá-lo na discussão de questões polêmicas e nevrálgicas que perpassam o campo da educação
As provas do ENEM, por exemplo, são discutidas no artigo Um estudo sobre as características das provas do novo ENEM: um olhar para as questões que envolvem conhecimentos químicos. As conclusões apresentadas pelos autores nos auxiliam na reflexão sobre os seguintes aspectos: as questões do novo ENEM, no que se refere às ciências da natureza e suas tecnologias/química, são coerentes com suas proposições teóricas? O que o novo ENEM avalia?
A formação leitora dos estudantes, essencial para o desenvolvimento de uma postura crítica, está em pauta no artigo A leitura em uma perspectiva progressista e o ensino de química. Com o objetivo de oferecer ferramentas ao professor para a promoção da mesma postura, em um contexto específico de realização de debates em sala de aula, uma proposta didática é apresentada no artigo Mapeamento de textos de divulgação científica para planejamento de debates no ensino de química.
A questão da experimentação no ensino de química novamente está presente neste número em quatro diferentes perspectivas. Na primeira, os autores a vinculam à educação inclusiva, a partir da produção de kits educacionais em aulas experimentais com a inclusão de indivíduos com necessidades especiais (Kit experimental para análise de CO2 visando à inclusão de deficientes visuais). Na segunda, a experimentação é associada à ciência forense no artigo Ciência forense no ensino de química por meio da experimentação. Na terceira, os autores estabelecem relações entre a experimentação e a realização de práticas interdisciplinares no artigo Compostagem: experimentação problematizadora e recurso interdisciplinar no ensino de química. A quarta perspectiva, presente no artigo Experimento sobre a influência do pH na corrosão do ferro, é mais recorrente na revista. Nela, os autores divulgam o experimento e explicitam as suas contribuições para aprendizagem de conceitos químicos.
As interações estabelecidas entre sujeitos em ambientes de ensino, por meio do uso de analogias e metáforas, assim como o uso de modelos como instrumentos pedagógicos, são também discutidos no artigo Uma análise das analogias e metáforas utilizadas por um professor de química durante uma aula de isomeria óptica.
Para concluir, desejamos a todos um excelente 2015 e uma leitura prazerosa dos artigos que integram a primeira revista do ano!
Paulo Alves Porto
Salete Linhares Queiroz
Wildson Luiz Pereira dos Santos