Agosto efervescente: olimpíadas, impeachment e muito mais
No mês de agosto, o Brasil sediou os Jogos Olímpicos Rio-2016. O evento foi recheado de momentos marcantes com abertura espetacular, competições inesquecíveis e calorosa cerimônia de encerramento. Milhões de brasileiros foram tomados pela sensação de orgulho ao ver a sua cultura, música e história divulgadas e admiradas pelos quatro cantos do mundo. Ademais, lições de superação e disciplina, dentre tantas outras, puderam ser extraídas diariamente por todos nós.
Também em agosto, um segundo evento mobilizou o país: no último dia do mês, o plenário do Senado aprovou o impeachment de Dilma Rousseff. O ato foi seguido pela cerimônia de posse de Michel Temer como presidente da República, com permanência no poder prevista para até 2018, que expressou o compromisso de “recolocar o Brasil nos trilhos”. Seguramente, em breve, teremos a oportunidade de melhor compreender o significado desse compromisso e identificar em que trilhos nos pretendem colocar. Especialmente no que diz respeito à educação, inúmeros desafios serão enfrentados diante dos severos cortes de gastos que a área vem sofrendo nos últimos anos e que se anunciam como ainda maiores no futuro.
Em um contexto bem mais restrito, porém bastante relevante para a comunidade de educadores químicos, foi com alegria que tivemos acesso, também no corrente mês, aos números grandiosos relativos ao XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ). Promovido pela Universidade Federal de Santa Catarina, pelo Instituto Federal de Santa Catarina e pelo Instituto Estadual de Educação, o ENEQ ocorreu em Florianópolis, no período de 25 a 29 de julho, e contou com 2614 inscritos, sendo 1488 estudantes de graduação, 385 estudantes de pós-graduação, 440 professores da educação básica e 301 professores de educação superior. O número de trabalhos aceitos chegou a 1500, superando os 1066 do evento anterior e evidenciando a enorme potencialidade do ENEQ em atingir o objetivo de reunir pessoas interessadas na área de ensino de química, assim como as que tomam esse ensino como alvo de investigação.
É importante ainda destacar a criação, durante o ENEQ, de uma comissão para estudo e proposição de uma entidade que represente professores e pesquisadores em ensino de química, denominada de Comissão Nacional Provisória da Associação de Educadores Químicos, que tem Attico Chassot, Maria Eunice Marcondes e Roseli Schnetzler como presidentes honorários. A comissão é composta pelos seguintes membros: Gerson Mól, Elisa Massena, Maria Helena Beltran, Wildson Santos, Sidnei Quezada, Eduardo Mortimer, Marcelo Giordan, Agustina Echeverria, Bruno Leite, Maurivan Ramos e Sidelene Farias. Esta Editoria reconhece a importância da iniciativa e deseja sucesso à comissão.
Ainda no mês de agosto, a Diretoria e o Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) divulgaram que os manuscritos submetidos à Química Nova na Escola, a partir do dia primeiro de setembro de 2016, seguirão a política das demais publicações da SBQ. Isso implica na contribuição dos autores com parte dos custos da publicação de seus artigos. Maiores detalhes sobre a cobrança, que passará a ser praticada, podem ser obtidos no site da QNEsc. A SBQ continua responsável por arcar com parte significativa do custo de publicação da revista. Esperamos continuar contando com o apoio da comunidade de educadores químicos, tanto no que diz respeito à submissão como no que se refere à leitura dos artigos da revista. A QNEsc, que representa um marco no fortalecimento dessa comunidade e tem contribuído fortemente ao longo dos seus 20 anos de existência para o ensino de química no país, não poderá sobreviver sem tal apoio.
Este número traz vários artigos que podem auxiliar o professor nas suas práticas em sala de aula. A abordagem de questões relacionadas às comunidades indígenas, ainda pouco recorrente na QNEsc, é privilegiada a partir da discussão de uma proposta pautada na inserção da cultura indígena como tema transversal para o ensino de conteúdos de química. A introdução da história e da filosofia das ciências em ambientes de ensino e aprendizagem, também escassamente contemplada na revista, é sugerida a partir da realização de uma abordagem histórica e social da exploração da cana-de-açúcar no Brasil Colônia.
É sabido que as dificuldades encontradas pelos professores na realização de aulas práticas de ciências naturais têm grande impacto sobre as ações que promovem nas escolas. Tais dificuldades são investigadas em artigo desta edição, assim como o perfil identitário dos alunos da Educação deJovens e Adultos.
Os processos de elaboração e avaliação de livros didáticos de química, no âmbito do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), são discutidos na seção Cadernos de Pesquisa, tendo em vista a compreensão de efeitos produzidos nas obras didáticas a partir de diferentes contextos.
Ótima leitura a todos!
Paulo Alves Porto
Salete Linhares Queiroz