O Ensino de Química no contexto de mudanças políticas, econômicas, sociais e ambientais
Esta edição especial de Química Nova na Escola reúne artigos selecionados dentre os trabalhos apresentados na XVIII edição do Encontro Centro-Oeste de Debates sobre o Ensino de Química (ECODEQ). O Encontro, promovido por educadores, alunos e colaboradores da Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Universitário do Araguaia, ocorreu nos dias 08, 09 e 10 de setembro de 2021, em Barra do Garças, Mato Grosso, e foi realizado de forma 100% virtual devido à pandemia de covid-19.
O ECODEQ é um evento bienal, criado por educadores da área de Ensino de Química da região Centro-Oeste do Brasil (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal), que ocorre desde 1989. Seu objetivo é promover a interação e o diálogo entre professores e pesquisadores da Educação Básica e do Ensino Superior, estudantes de Pós-Graduação, estudantes de Graduação e estudantes do Ensino Médio, sobre diferentes temas relacionados com a área de Ensino de Química. O evento possibilita a divulgação de trabalhos de pesquisa, ações e construções em torno das conquistas, necessidades e perspectivas para a pesquisa e o ensino de Química na região Centro-Oeste.
Do total de 154 trabalhos submetidos ao XVIII ECODEQ, 147 foram aprovados e apresentados, distribuídos nas temáticas: Ensino e Aprendizagem; Formação de Professores; Materiais Didáticos; Linguagem e Cognição; Experimentação no Ensino; História, Filosofia e Sociologia da Ciência; Educação em Espaços Não-formais e Divulgação Científica; Tecnologias da Informação e Comunicação; Educação Ambiental; Abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade; Currículo e Avaliação; Diversidade e Inclusão; Cultura e Regionalidade do Centro-Oeste.
Embora os participantes estivessem fisicamente distantes uns dos outros, o XVIII ECODEQ reuniu virtualmente uma quantidade de pesquisadores muito maior do que em suas edições anteriores, não apenas do Centro-Oeste, mas de todo o Brasil. O distanciamento físico e a aproximação virtual se tornam um paradoxo para as relações humanas no meio acadêmico, com o qual somente as vivências no período pós-pandemia vão nos indicar como lidar.
Alguns dos trabalhos apresentados no ECODEQ foram selecionados e seus autores convidados a transformá-los em artigos, que passaram pelo processo habitual de análise por pares feito pela QNEsc. Os artigos assim reunidos nesta edição refletem um pouco da diversidade de temas e abordagens que estiveram presentes no evento. A investigação sobre livros didáticos e diferentes possibilidades de contextualização
de conceitos comparece no artigo “Análise sobre as formas de apresentação do conhecimento químico: o conceito de ligações químicas em livros didáticos”. O ensino de outro importante conceito, tomando como referência publicações em periódicos editados pela PubliSBQ, é objeto de estudo no artigo “O tema radioatividade nas revistas da SBQ e as possíveis contribuições para o ensino de radioatividade na educação básica”. Abordagens inovadoras para o ensino aparecem nesta edição sob diferentes pontos de vista. Uma perspectiva teórica para a análise de jogos desenvolvidos para contextos educacionais é oferecida pelos autores de “Análise de elementos corruptivos dos jogos educativos publicados na QNEsc (2012-2021) na perspectiva de Caillois”. A interdisciplinaridade em duas propostas de ensino exemplifica a importância dessa temática no cenário atual. Uma delas procura aproximar ciência e arte, como pode ser visto no artigo “Poemas no ensino de Química: traçando rumos para um ensino associativo entre Ciência e Arte”. Outra forma de arte – a música – está presente na segunda proposta, juntamente com aspectos de outras disciplinas em suas interfaces com o conhecimento químico, descrita no artigo “Disco de vinil como um tema de extensão universitária”. Também a inserção da Química no contexto de populações periféricas e historicamente oprimidas por preconceitos é uma temática cuja discussão é muito necessária na atualidade, e o artigo “A comunicação crítica e popular e a Química: potencializando a educação para as relações étnico-raciais” oferece uma contribuição para o debate. Tendo em vista ainda a relevância de abordar temas sociocientíficos para promover a aprendizagem da Química, um dos artigos desta edição analisa diferentes concepções de energia discutidas por estudantes, como o leitor pode conferir em “Uma sequência didática sobre o conceito de energia utilizando questões sociocientíficas a partir da Teoria dos Perfis Conceituais”.
Agradecemos aos participantes, organizadores e a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização do XVIII ECODEQ. O esforço de todas essas pessoas foi o que nos possibilitou oferecer ao nosso público leitor esta edição especial de QNEsc.
Boa leitura!
Graziele Borges de Oliveira Pena Coordenadora Geral do XVIII ECODEQ Paulo Alves Porto Salete Linhares Queiroz Editores de QNEsc
O que é a Química para nós? Da resposta que damos a essa pergunta depende o modo como a ensinamos. Em geral, começamos por apresentar a diversidade dos materiais a nossa volta, com suas diferentes propriedades: cores, dureza, maleabilidade, fluidez, volatilidade, combustibilidade, etc. Apresentamos também suas transformações: as mudanças de cor, odor, liberação de gás, de calor, etc., indiciam a formação de novas substâncias. Tudo isso está à vista de todos, e pode ser vivenciado no cotidiano. Mas, do ponto de vista da Química, não nos contentamos com isso. Queremos explicações para esses fenômenos. Já há bastante tempo que as explicações preferidas pelos químicos envolvem átomos, moléculas, íons – enfim, entidades que não podem ser vistas ou sentidas diretamente. Como explicamos a nossos alunos por que o óleo de cozinha não se mistura com a água? Dizer que não se misturam porque o óleo é insolúvel na água é apenas uma tautologia. Nossa explicação envolve modelos submicroscópicos de estruturas diferentes para as moléculas de água e de óleo, e de como elas interagem. Ensinamos, enfim, nossos estudantes a enxergarem além das aparências, a entender que o que se descortina a nossos olhos possui causas invisíveis e complexas.
Analogamente, todo cidadão deveria ser capaz de enxergar além das aparências, em busca das causas subjacentes aos fenômenos que passam diante de suas vistas. No cotidiano, em especial quando se aproximam as eleições, são repetidos à exaustão bordões como “todo político é igual”, “todos são ladrões”, ou “só querem o poder”. Fica-se assim na superfície e se deixa de considerar o que está subjacente. É necessário pensamento crítico para entender a quem interessa esse discurso da desmoralização da política, e também para entender que se encontram em jogo no momento dois projetos de país. Um deles, o de construção de um país soberano, que busca diminuir a sua imensa desigualdade social, colocando seu potencial em proveito da geração atual e das futuras. O outro projeto é o retorno à condição de colônia, em que nossas riquezas agrícolas e minerais são exploradas de maneira predatória, em proveito de muito poucos no presente imediato e sem preocupação com o que será das gerações futuras. Ironicamente, este segundo projeto encontra-se triunfante no ano em que se deveria comemorar os 200 anos de independência, daquilo que seria a superação da condição de colônia de exploração. Se observamos hoje a marcha da bárbarie (representada pela violência, intolerância a qualquer forma de diversidade e pela ignorância soberba) contra a civilização (representada pela democracia, pelo respeito à vida humana e pela valorização da educação e da ciência), devemos procurar entender quais são as causas subjacentes (não exatamente invisíveis, mas invisibilizadas) a essa realidade – o que não deixa de ser um esforço de reflexão crítica semelhante ao que fazemos na Química.
Fiel a sua missão de ajudar educadores e educandos a pensarem a Química e seu ensino para além das aparências, Química Nova na Escola apresenta mais um número a seus leitores. Complementando a edição anterior, apresentamos mais um artigo patrocinado pelo CFQ no âmbito do “Movimento Química Pós 2022 – Sustentabilidade e Soberania”, intitulado “As faces do plástico: uma proposta de aula sobre sustentabilidade”. É claro que as questões sobre ambiente e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não podem ser apenas objeto de um número especial, mas uma temática permanente nas páginas de QNEsc. Assim, temos mais dois artigos que remetem a essa temática, a saber: “A Educação Ambiental no Ensino Médio: desafios e possibilidades a partir da elaboração de uma sequência didática com ênfase nas emissões de CO2 equivalente”, e “Plástico no Mar: Polímeros à Deriva!”. Ambos analisam intervenções didáticas com alunos do Ensino Médio de escolas públicas. Dois outros artigos tratam de aspectos da experimentação no ensino, com abordagens diferentes. Em “O estudo da teoria ácido-base de Lewis a partir de reações com substâncias fenólicas de plantas medicinais”, os autores propõem um experimento de simples execução, utilizando extratos vegetais. As autoras de “A saga do repolho roxo no ensino de Química”, por sua vez, fizeram um levantamento e análise de trabalhos publicados que utilizam o repolho roxo em contextos didáticos. Além dos conceitos de ácido-base que aparecem nesses dois artigos, outros conceitos também são abordados nesta edição. Um deles é o de estrutura espacial de moléculas, que foi alvo de uma intervenção didática descrita em “Estudo das funções da Química Orgânica com o uso do kit molecular de aprendizagem Atomlig”. A aprendizagem conceitual também é a preocupação dos autores do artigo “Sequência de ensino investigativa para o ensino do conceito de quantidade de substância (mol)”, no qual se apresenta uma proposta que envolve metacognição e trabalho experimental. O desenvolvimento do pensamento químico pode ser especialmente desafiador para alunos surdos, o que ressalta a importância da contribuição contida no artigo “A elaboração do conceito de transformação química em uma perspectiva bilíngue bimodal”. Além da aprendizagem de conceitos, outros objetivos para o ensino de Química merecem atenção no artigo “Uma discussão sobre a descoberta do tecnécio à luz de alguns aspectos da natureza da ciência”. O engajamento dos estudantes nas aulas de Química pode se beneficiar dessa e de outras abordagens que ampliam sua visão sobre a ciência, bem como do recurso a diferentes gêneros literários, como se pode ver em “Contos para o ensino de Química: uma abordagem investigativa”. Seguramente, a concepção de metodologias alternativas só é possível se os professores estiverem bem instrumentalizados – daí a importância de se refletir sobre a formação e a prática de professores, temática presente em dois artigos desta edição. Um deles mais uma vez destaca a relevância do programa de bolsas de iniciação à docência: “Evasão e permanência em um curso de Licenciatura em Química: o que o PIBID tem a oferecer?”. O outro artigo, intitulado “‘É, na aula de Química eu não vejo alguma possibilidade’: as vozes de docentes e discentes sobre a Educação Sexual no ensino de Química”, investiga possibilidades de inserção da Educação Sexual em aulas de Química, analisando os pontos de vista de professores e alunos do Ensino Médio sobre o assunto.
Desejamos que a leitura desta edição de QNEsc propicie aos leitores reflexões úteis para sua prática profissional e sua vivência cidadã.
Paulo A. Porto Salete L. Queiroz Editores de QNEsc
Futuro do Pretérito na Celebração do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável da UNESCO: Reflexões a partir do Ensino de Química, Educação Química, Sustentabilidade e a Semana de Arte Moderna no Brasil
Este número especial de Química Nova na Escola é parte do “Movimento Química Pós 2022 – Sustentabilidade e Soberania” (http://www.sbq.org.br/mqp2022), lançado pela SBQ em 2021 considerando o bicentenário da Independência do Brasil e a celebração estabelecida pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável em 2022.
A meta da UNESCO é identificar as ligações existentes entre as Ciências Básicas e os objetivos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Esta é uma oportunidade única para sensibilizar os tomadores de decisão de que, por meio do entendimento básico da natureza, ações mais efetivas podem ser definidas e tomadas para o bem comum. A proposta é ambiciosa e pretende avançar em temas prioritários segundo a ONU, tais como (i) a premissa de que a Ciência é um bem público; (ii) o direito de todos à educação que possibilite a emancipação dos indivíduos; (iii) a necessidade do fortalecimento da presença e visibilidade das mulheres e demais membros da sociedade ainda com pouca representatividade na Ciência e em espaços decisórios ou de definição de realidades; bem como (iv) a reflexão sobre o papel das Ciências Básicas – caso da Química – para o enfrentamento de desafios globais por meio do diálogo respeitoso para a construção da paz no mundo.
Nesse contexto, como o Brasil tem participado dessa construção por meio do Ensino ou Educação Química? Como mencionado anteriormente em nossa publicação na Green Chemistry em 2021, há uma demanda crescente por uma formação mais contextualizada de todas as pessoas e de profissionais de Química, a qual possibilite integrar também conhecimentos de outros campos, como das Ciências Humanas, de modo a proporcionar uma compreensão mais holística e crítica da realidade.
Assim, nesta edição especial contamos com contribuições de norte a sul do nosso país, bem como da Alemanha. Os artigos trazem uma diversidade de abordagens e questões, assim como é diversificada nossa cultura, com soluções criativas e inovadoras. A inclusão de disciplinas voltadas à Educação Ambiental em cursos de graduação e pós-graduação em Química e áreas correlatas tem se mostrado importante para promover uma reflexão sobre a transversalidade dessa temática. Como pode ser observado, há também um relato da inclusão de disciplinas de Química Verde em cursos de graduação em Química. Este é um passo importante de uma conscientização inicial para, num futuro próximo, se tornar uma práxis, de tal forma que os princípios da Química Verde sejam incorporados em todas as subáreas da Química, visando alcançar assim a Química Sustentável. Nesse sentido, também é apresentada uma proposta de experimento didático que se baseia nos princípios da Química Verde, que tem por objetivo a síntese de um fármaco amplamente conhecido, o ácido acetilsalicílico.
Há ainda a proposta de um ambiente virtual como apoio e complemento de aulas experimentais, em que rotas de sínteses mais seguras podem ser exploradas, tanto para garantir a saúde do operador quanto para preservar o ambiente.A Educação Ambiental deve ser levada também a espaços não formais, contextualizada, conectada com os problemas vivenciados pela sociedade. Um dos artigos deste número especial apresenta projetos transdisciplinares visando atingir estudantes do Ensino Fundamental à Pós-Graduação.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 6 diz respeito à disponibilidade e à gestão sustentável da água potável, e outro artigo visa justamente analisar como o tema água é apresentado nas dissertações do Mestrado Profissional em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais. O ODS 7, por sua vez, prevê energia limpa e acessível, tema de dois artigos. Um desses trabalhos propõe uma sequência didática para o Ensino Médio visando a formação crítica dos alunos sobre a sustentabilidade dos combustíveis utilizados no Brasil. O outro artigo avalia a influência do gás carbônico em aquecedor solar de água feito de materiais reutilizados. A reciclagem surge também como uma das etapas de uma indústria 4.0 – no caso de um dos artigos aqui publicados, a indústria do alumínio serve como tema para atividades desenvolvidas no Ensino Médio e no Mestrado Profissional de Química, mostrando a importância da contextualização histórica e regional para o processo de aprendizagem.
Outro problema intrinsecamente ligado às cidades se refere à produção e gestão dos resíduos sólidos urbanos não recicláveis, tema de dois trabalhos deste número especial. Um deles propõe um estudo de caso em que a estratégica didática escolhida permitiu o desenvolvimento de habilidades como trabalho em grupo, pensamento crítico e resolução de problemas, e também a ampliação do conhecimento ambiental, particularmente no que tange ao consumo e produção responsáveis. Visando também uma concepção mais responsável frente aos produtos que adquirimos, o outro trabalho relata a questão dos microplásticos como tema para o Ensino de Química Orgânica. A extração de corantes para a produção sustentável de panelas como tema para o ensino de Cinética Química, descrita em outro artigo, se constitui em ótimo exemplo de diálogo entre conhecimentos tradicionais e científicos. Saindo do ambiente urbano, temos três trabalhos que abordam questões de sustentabilidade no campo, envolvendo agroecologia ou agricultura sustentável, em contraposição à agricultura moderna e ao extensivo uso de agrotóxicos. Importante ressaltar o papel da Química no desenvolvimento sustentável também nessa área. No artigo internacional, os autores objetivaram fornecer uma visão geral sobre os conceitos atuais de sustentabilidade e educação para a sustentabilidade, com particular ênfase no Ensino de Química.
Entendemos que, para compreender o presente e projetar o futuro que queremos, há que se considerar o passado, escovar a história a contrapelo, em uma perspectiva Benjaminiana. Interessante observar que neste mesmo ano celebramos o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, que ainda nos convida a pensar no conceito de alta antropofagia oswaldiana, revisto por Wisnik, que é basicamente a capacidade de “ser outro” ao reconhecer o outro em si. Esse é nosso convite, como editoras convidadas. Considerando essas múltiplas perspectivas para a celebração do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável da UNESCO, com ênfase no Ensino e Educação Química, o nosso convite é para que possamos ler os artigos que compõem este número especial como parte de nossa história – reflexões, narrativas e memórias com todas as cores e tintas de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Anita Malfatti, ao som e silêncio de Villa-Lobos, do trenzinho do caipira. Que os artigos nos façam arrepiar os pelos, corações e mentes neste Brasil ao mesmo tempo tão carente e potente, veneno e remédio.
Transformações na escola após o período de isolamento social
Notícias sobre a volta às aulas presencias em redes estaduais de ensino circulam com cada vez mais frequência nos jornais do país. Nos estados de Pernambuco e São Paulo, por exemplo, na primeira semana de fevereiro já se verificou o movimento de retorno integral no referido formato, enquanto em outros estados este vem ocorrendo em um modelo híbrido ou foi temporariamente adiado devido à nova onda de Covid-19 provocada pela variante Ômicron. Mesmo com todas as particularidades que os estados exibem no trato da questão, o panorama atual sugere que o momento de acolhimento das crianças e jovens nas escolas e a lida com as transformações no contexto estudantil, após o longo período de isolamento social, são iminentes.
Questão fulcral que se coloca é sobre as resistências e tabus que foram quebrados como consequência da pandemia instaurada há praticamente dois anos, e quais possibilidades para a educação derivam desse período longo de convivência, muitas vezes, com o caos. Nesse contexto, destaca-se o uso de tecnologias da informação e comunicação (TIC) para aprender e ensinar, prática da qual muitos professores se mantinham afastados. O uso massivo dessas tecnologias fomentou a ideia de que as perspectivas para elaboração do conhecimento podem ser muito diferentes das produzidas em aulas presenciais.
Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) viabilizam a comunicação entre os sujeitos envolvidos no evento educativo, o compartilhamento de conteúdos e a execução de atividades didáticas, por meio de variados recursos. Os AVA passaram a fazer parte do cotidiano da escola, sendo possível ao professor interagir de forma construtiva com os estudantes por meio deles e também por redes sociais, além de oferecerem oportunidades capazes de levar os estudantes ao exercício da autoria, autonomia, diálogo e interatividade.
No entanto, para que transformações relevantes resultantes do período de isolamento social sejam mantidas e incrementadas de forma positiva muitos desafios precisam ser vencidos. Além da questão da conectividade em um Brasil tão desigual no que tange ao acesso à internet, é necessário fomentar ações pedagógicas que levem em conta o potencial das TIC e propiciem a colaboração entre os membros da comunidade escolar para o alcance de objetivos educacionais atuais, como a promoção da cidadania ativa.
Frente a um período que se apresenta como repleto de situações desafiadoras, este número de Química Nova na Escola traz aos leitores artigos que podem auxiliar nessa trajetória. Considerando a potencialidade de utilização de atividades lúdicas no ensino de química, tendo em vista a promoção de uma aprendizagem mais participativa, três textos remetem a essa perspectiva. O primeiro deles, “Possíveis relações dos conteúdos de química, física e biologia com os poderes das super-heroínas”, relata uma ação didática na qual os estudantes exploram conhecimentos científicos para conceituarem os poderes das super-heroínas, discutindo o funcionamento desses poderes, assim como o papel que elas desempenham nas histórias em quadrinho e no cinema ao longo do tempo. Os outros dois textos tratam do uso de jogos e abarcam a formação inicial de professores. O jogo “Baralho atômico” é alvo de atenção no artigo “Reelaboração de um jogo: recurso didático como facilitador do processo de ensino e de aprendizagem no ensino de química”, a partir da reformulação teórica da sua estrutura e de suas regras. O trabalho foi realizado no contexto do estágio supervisionado de um curso de graduação, sendo a sua aplicação realizada em sala de aula na presença da professora regente de classe. Em contexto similar, o artigo “Jogos didáticos em um curso de formação inicial docente em química: aspectos teórico-práticos para a abordagem de conteúdos de físico-química” coloca em foco a discussão com licenciandos em química sobre a importância da inserção de jogos didáticos no ensino dessa disciplina.
Outra estratégia contemplada neste número é a realização de oficinas pedagógicas/temáticas, como se vê em dois artigos. Em um deles, “A química da batata-frita perfeita”, o propósito da oficina é a abordagem do conteúdo de cinética química, no que se refere aos fatores que afetam as reações químicas. No artigo “O uso dos sentidos, olfato e paladar, na percepção dos aromas: uma oficina temática para o ensino de química” busca-se, por meio da percepção dos aromas, relacionar a temática com conhecimentos que permeiam a química orgânica. O funcionamento de ambas as oficinas é pautado na abordagem dos Três Momentos Pedagógicos, com o desenvolvimento nas seguintes etapas: estudo da realidade, organização do conhecimentoe aplicação do conhecimento.
Os Três Momentos Pedagógicos também orientam a proposta de experimento apresentada no artigo “A química do banho de ouro em bijuterias: uma proposta de ensino baseada nos Três Momentos Pedagógicos”, que reproduz a galvanoplastia do banho de ouro em bijuterias, contemplando tópicos relacionados aos conceitos de eletroquímica, com destaque para a eletrólise. Também na perspectiva da realização de experimentos, é descrita a construção de um espectroscópio utilizando materiais alternativos e de baixo custo para a identificação, em sala de aula, dos espectros de linhas de alguns elementos no artigo “Construção de um espectroscópio alternativo para o ensino do Modelo Atômico de Bohr e linhas espectrais de elementos”.
A história da química e o uso de imagens em atividades investigativas e em livros didáticos são também considerados neste número. O artigo “Hantaro Nagaoka e o modelo saturniano” tem como objetivo ilustrar o modelo atômico mencionado no título, a partir de uma abordagem contextualizada, chamando a atenção para aspectos culturais que envolveram a formação científica do Japão no século XIX e início do século XX. A imagem, por sua vez, é destacada como ferramenta didática no artigo “A fotografia em atividade experimental investigativa de química” e tomada como objeto de investigação no artigo “Análise de inscrições em livros didáticos de química”.
Que a leitura sirva de inspiração aos educadores em química do Brasil para a realização de transformações frutíferas na escola após o período de isolamento social!
Temos vivido situações que deveriam levar as pessoas à reflexão sobre as escolhas que fizeram até aqui e o que pretendem para o futuro. No último mês de outubro, o governo federal e seus apoiadores no Congresso Nacional promoveram a retirada de 90% dos recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que seriam destinados a bolsas e apoio à pesquisa. Pouco antes, pesquisadores de todo o país haviam submetido seus projetos ao Edital Universal do CNPq, o qual não era realizado desde 2018. Embora com novas regras que dificultaram a apresentação dos projetos, e limitaram os valores a serem distribuídos a cada centro de pesquisa a quantias praticamente irrisórias, ainda assim o Edital Universal cumpre importante papel, pois atende a todas as áreas do conhecimento. Caso os cortes anunciados no orçamento do MCTI não sejam revertidos, o esforço dos pesquisadores para cumprir as exigências do Edital terá sido em vão. Pior do que isso é a perspectiva de que não haverá condições para o prosseguimento de inúmeras e importantes linhas de pesquisa no país.
Além disso, deixaram de ser pagas em outubro as bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e do Programa de Residência Pedagógica (RP), prejudicando cerca de 60 mil bolsistas. Trata-se de mais um duro golpe na formação dos futuros professores da Educação Básica. Mas não se pode esperar nada muito diferente de um governo cujo ministro da educação (aliás, um cargo atualmente de alta rotatividade), o pastor Milton Ribeiro, declarou, em um evento promovido por uma igreja, que o Brasil tem Universidades demais. O mesmo personagem já havia afirmado em entrevista que Universidade deveria ser “para poucos”.
Outro evento representativo do caráter dos governantes de momento foi o cancelamento da concessão da Medalha do Mérito Científico a dois pesquisadores da Fiocruz, dois dias após haver sido publicada em Diário Oficial. A concessão havia desagradado setores negacionistas e obscurantistas que sustentam o governo, pois um dos pesquisadores demonstrou a ineficácia da cloroquina para o tratamento da covid-19, e a outra promoveu políticas de saúde pública que incluíam a preocupação com pessoas transgênero. Em demonstração de dignidade, solidariedade e respeito – não apenas aos colegas, mas à própria ciência – outros 21 cientistas que receberiam a Medalha na mesma ocasião recusaram a honraria, e justificaram que não poderiam aceitá-la de quem “não apenas ignora a ciência, mas ativamente boicota as recomendações da epidemiologia e da saúde coletiva”.
Como o ridículo parece não conhecer limites, adicionou-se mais uma afronta: o atual ocupante da cadeira presidencial outorgou a si mesmo o mais alto título (Grão-Mestre) da Ordem Nacional do Mérito Científico. O absurdo, porém, apenas mantém a coerência com o discurso de um governo fundamentado na mentira. Até aqui, essa foi a escolha da sociedade brasileira. O que ela há de querer para o futuro?
Relatos de ações didáticas concretizadas com base na experimentação também são encontrados nos artigos “Galvanização: uma proposta para o ensino de eletroquímica” e “Uma visão multi e interdisciplinar a partir da prática de saponificação”. Em ambos, o desenvolvimento das atividades busca priorizar o estabelecimento de relações entre o conhecimento científico e o conhecimento cotidiano, considerando o viés da interdisciplinaridade.
Se o futuro é incerto, ao menos Química Nova na Escola mantém no presente seu compromisso em favor da educação e da ciência brasileiras, e apresenta aos leitores mais uma edição. Neste número, questões relativas à diversidade e educação para as relações étnico-raciais são abordadas de diferentes maneiras em dois artigos. Em “O caso Alice Ball: uma proposta interseccional para o ensino de Química”, as autoras propõem uma sequência didática a partir da trajetória da cientista estadunidense Alice Ball. A inclusão das contribuições dos povos africanos no contexto do ensino é discutida no outro artigo, “Metalurgia do ferro em África: a Lei 10.639/03 no ensino de Química”. Tendo em vista a necessidade de aproximar o conhecimento escolar da realidade dos estudantes, utilizar temáticas relacionadas a alimentos pode ser uma boa estratégia. Três artigos nesta edição fazem referência a alimentos, sob enfoques bastante diversos. A discussão sobre agrotóxicos no ensino de química orgânica é focalizada no artigo “A invasão do agrotóxico na agricultura: abordagem para o estudo das funções orgânicas em perspectiva freireana da educação numa escola pública”. Uma proposta de atividade experimental que utiliza sucos de frutas é apresentada em “Atividade antioxidante de frutas cítricas: adaptação do método do DPPH para experimentação em sala de aula”. Outro experimento, desta vez utilizando um corante alimentício, é apresentado no artigo “Avaliando métricas em Química Verde de experimentos adaptados para a degradação do corante amarelo de tartrazina para aulas no Ensino Médio”. Ainda no campo da experimentação, diversas atividades com reagentes de baixo custo e com possibilidade de serem exploradas com viés investigativo são descritas em “Tintura de iodo como potencial reagente para a experimentação no ensino de Química”.
Outra estratégia que tem sido explorada com sucesso para engajar os jovens na aprendizagem de ciências é o uso de jogos, como se vê em dois artigos deste número. Ambos exploram o popular formato de jogos de tabuleiro, seja para o ensino de ligações químicas (“Iônico ou covalente? Dama Química como forma lúdica e interativa para o ensino de Química na Educação Básica”), seja para o ensino de geometria molecular (“GeomeQuímica: um jogo baseado na Teoria Computacional da Mente para a aprendizagem de conceitos de geometria molecular”). Para além da ciência escolar, os museus de ciências e outros espaços de exposição se constituem em importantes aliados da popularização da ciência e podem ajudar a ampliar a compreensão e o interesse pela Química. Uma pertinente iniciativa nesse sentido encontra-se descrita no artigo “Primo Levi e a divulgação da Ciência em materiais multimídia de uma exposição museográfica”. Finalmente, um tema que se encontra na ordem do dia desde a publicação da assim chamada Base Nacional Comum – Formação em 2019 também é tratado nas páginas que seguem. As dificuldades envolvidas no estabelecimento de um curso para formar professores de Química são objeto de reflexão em “Implantação e desenvolvimento do curso noturno de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Ceará: trajetória, sentidos e (des)configurações da formação docente”. Como se vê, os desafios são grandes e as soluções não são simples. Cabe-nos não esmorecer.
Desejamos um ótimo proveito a todas as pessoas que nos prestigiam com sua leitura!
Com mais de 570.000 mortos, e ocupando, até o momento, o lugar de país com o segundo maior número de vítimas da covid-19 no mundo, o Brasil vem sendo tomado por profunda amargura e tristeza desde o início da pandemia. Não bastassem as vidas perdidas, a nação assiste estupefata ao surgimento de notícias que tratam de ilícitos vergonhosamente vinculados à crise sanitária, que incluem, dentre outros desatinos, irregularidades em respostas iniciais à conjuntura apresentada e nas compras de testes para detecção do vírus, assim como das próprias vacinas. Mais do que merecedores de informações que ajudem a manter a tranquilidade, os cidadãos brasileiros, finalmente, começam a se deparar com elas nos últimos dias. De fato, o número daqueles totalmente imunizados já ultrapassa os 25%, e mais de 57% da população recebeu a primeira dose da vacina. Nesse contexto, a esperança de dias melhores passa a se fazer presente, com a volta de cenas que, apesar de aparentemente banais, possuem atualmente valor inestimável, como os passeios com a família e com os amigos. Isso é um alento frente ao longo período de confinamento, embora não deva se caracterizar como estímulo à suspensão das medidas amplamente divulgadas de prevenção, como o uso de máscaras, especialmente diante do avanço da variante delta no país. Que possamos persistir a caminho da normalidade, o que, para nós educadores, implica na grande alegria de revermos os nossos estudantes e retomarmos as atividades presenciais nos ambientes de ensino de forma segura. Este número da Química Nova na Escola traz uma gama de artigos inspiradores, com potencial para tornar esse reencontro ainda mais prazeroso e enriquecedor.
Em um momento em que a mídia televisiva descortina para o mundo cenas estarrecedoras no Afeganistão, decorrentes da volta ao poder do grupo Talibã, a preocupação em relação aos direitos das mulheres é pauta de altíssima relevância. Nossos leitores encontram neste número elementos que subsidiam a reflexão sobre as relações de gênero e de poder no artigo “Estado da arte: gênero e sexualidade no contexto do ensino de química”. Nele, a partir de um mapeamento na literatura nacional, os autores buscam a promoção de questionamentos sobre a naturalização de determinadas desigualdades e o fomento à educação sexual na perspectiva dos direitos humanos.
Em alinhamento com a necessidade ainda presente de oferecimento de aulas remotas, dois artigos remetem à possibilidade do uso do computador como mediador na construção do conhecimento químico. O primeiro, “Software Cidade do Átomo como instrumento didático no ensino de química”, relata percepções de estudantes do ensino médio sobre o uso dessa ferramenta educacional na solução de problemas vinculados à produção de energia termonuclear. De forma similar, o segundo artigo, “Jogo digital e o conceito de aleatoriedade: aplicação e potencialidades para o ensino e a aprendizagem”, também traz as percepções, agora de licenciandos, sobre o conceito de aleatoriedade presente na teoria cinética dos gases e o potencial do jogo para o ensino e a aprendizagem.
Questões que ganham vulto em discussões recentes de educadores químicos, como o uso e a integração de diferentes modos semióticos na construção de significados e o papel da extensão universitária como meio de divulgação científica, também estão contempladas, respectivamente, nos artigos “Abordagem multimodal: um olhar para os livros didáticos de química” e “Cientifi-CIDADE: estimulando a divulgação da ciência por meio da extensão universitária”. Os autores do artigo referente à multimodalidade destacam que, dentre os vários modos semióticos presentes nos livros analisados, as imagens ganham protagonismo e demandam particular atenção no que tange à forma como são relacionadas com outros modos. Por sua vez, as ações do programa de extensão Cientifi-CIDADE, expostas no texto, podem nortear atividades que tenham como propósito o envolvimento de licenciandos na aproximação da população com o espaço universitário.
Relatos de ações didáticas concretizadas com base na experimentação também são encontrados nos artigos “Galvanização: uma proposta para o ensino de eletroquímica” e “Uma visão multi e interdisciplinar a partir da prática de saponificação”. Em ambos, o desenvolvimento das atividades busca priorizar o estabelecimento de relações entre o conhecimento científico e o conhecimento cotidiano, considerando o viés da interdisciplinaridade.
Neste número destaca-se ainda uma experiência poucas vezes registrada em Química Nova na Escola. Aqueles que apreciaram o assunto abordado no artigo “Da ordem ao caos: uma reorientação das ciências e da química”, publicado anteriormente nesta revista (v. 42, n. 4), serão positivamente surpreendidos com sua retomada pelos mesmos autores em “Do caos à ordem: oscilações, padrões e auto-organização”. Por fim, encerramos este Editorial prestando uma homenagem ao Professor Eduardo Motta Alves Peixoto, que nos deixou no mês passado. Peixoto foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e responsável pela criação das revistas Química Nova e Journal of the Brazilian Chemical Society. Colaborador de Química Nova na Escola desde o seu primeiro número, publicado em 1995, atuou por muitos anos como responsável pela seção “Elemento Químico”. Modestamente, dedicamos este número de QNEsc à memória do Professor Peixoto.
Desejamos uma ótima leitura e retomamos aqui o apelo para que, mesmo com a esperança de volta da normalidade que desponta no horizonte, nossos leitores e leitoras continuem se cuidando!
Neste ano, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o Ensino Médio seguirá pela primeira vez as modificações introduzidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) homologada no final de 2018. Entre as novidades está a possibilidade de as escolas escolherem livros sobre “Projetos de Vida” e “Projetos Integradores”. São propostas fundamentadas na aprendizagem baseada em projetos, que exigem formas de trabalhar que não têm sido as mais comuns nas escolas.
Os “Projetos Integradores” preveem o trabalho conjunto de professores de diferentes disciplinas. No caso dos professores de Química, a colaboração seria principalmente com os colegas das demais Ciências da Natureza, mas também com os da área de Humanidades, em abordagens com caráter inter- ou multidisciplinar. Isso exigirá novas condições de trabalho nas escolas, como a readequação de espaços e horários, bem como a valorização dos docentes, pois idealmente seria necessário que a equipe de professores dedicasse seu tempo a uma única escola. O tamanho do desafio é evidente, e é reconhecido pelos próprios autores do Guia Digital PNLD 2021 – Projetos Integradores e Projeto de Vida – Ciências da Natureza e suas Tecnologias1. Vejamos um exemplo. Entre os “Projetos Integradores”, incluem-se propostas de “midiaeducação”, nas quais “os projetos buscam desenvolver o letramento midiático, oferecendo ao jovem a oportunidade de aprender sobre a produção, circulação e apropriação de informações nas diversas mídias que existem contemporaneamente... em uma perspectiva de se aprender sobre mídias produzindo mídias” (p. 19, grifo nosso). Porém, os autores do Guia reconhecem que “estudantes que frequentam escolas públicas, às quais se destinam as obras dos Projetos Integradores, muitas vezes, têm dificuldades de acesso à internet, assim como as próprias escolas brasileiras ainda não têm estruturas para proporcionar o acesso à internet a seus estudantes. E isso precisa ser considerado na elaboração e concretização de propostas pedagógicas para que estas não se caracterizem como propostas excludentes” (p. 30).
Não deixa de ser curioso observar que, no momento em que o obscurantismo e o preconceito se encontram disseminados nas esferas governamentais, o Guia Digital PNLD2021 aponte entre os critérios para a escolha dos livros didáticos que estejam livres “de estereótipos ou preconceitos de condição socioeconômica, regional, étnico-racial, de gênero, de orientação sexual, de idade, de linguagem, de deficiência, religioso, assim como de qualquer outra forma de discriminação, violência ou violação de direitos humanos” e de “doutrinação religiosa” (p. 53).
Para breve, está previsto um novo edital destinado à escolha das obras das disciplinas específicas, que ainda estão em avaliação. A partir de 2022, teremos a oportunidade de ver como serão desenvolvidos, em conjunto com as atividades disciplinares, os “Projetos Integradores” propostos pelos novos livros didáticos. Isso, é claro, se houver realmente a aquisição dos livros, a depender de o MEC ainda dispor de algum orçamento até lá. Caso não, nos restará esperar que o “livre mercado” faça chegar livros (e internet, laboratórios,...) às escolas.
Enquanto aguardam a chegada dos novos livros, os leitores de Química Nova na Escola podem conhecer e se beneficiar de outros recursos didáticos, dos quais uma variedade estão presentes nesta edição. Nosso número anterior foi dedicado a pesquisas nacionais sobre a argumentação em ensino de Química, tema que volta a ser abordado no artigo “Argumentação e outras práticas epistêmicas em uma sequência de ensino investigativa envolvendo Química Forense”, o qual focaliza um estudo realizado com licenciandos em Química. Outro trabalho com estudantes do ensino superior deu origem ao artigo “Uma abordagem de ensino ativo em um experimento de eletrólise”. Tema recorrente nas pesquisas e práticas docentes publicadas em QNEsc, a experimentação também está presente, sob outra perspectiva, no artigo “Aplicação de princípios de Química Verde em experimentos didáticos: um reagente de baixo custo e ambientalmente seguro para detecção de íons ferro em água”. Com a crescente popularização de plataformas de compartilhamento de vídeos, esses recursos estão cada vez mais presentes no cotidiano escolar, mas precisam ser avaliados com cuidado. É o que nos mostra a investigação descrita em “Ensino de Eletroquímica: avaliação da capacidade de escolha e do aprendizado obtido por alunos do 3º ano a partir de videoaulas no YouTube - estudo de caso no IFMG - Campus Ouro Preto”. O uso das tecnologias de informação e comunicação também é objeto de análise no artigo “Aprendizagem móvel no ensino de Química: apontamentos sobre a realidade aumentada”. O aspecto lúdico está presente nessas tecnologias, mas também em jogos tradicionais, que podem ser aliados úteis no processo de ensino-aprendizagem – conforme se vê em “Um jogo de tabuleiro envolvendo conceitos de mineralogia no ensino de Química”. A modernidade deve se fazer presente nas escolas não apenas na forma de tecnologias, mas também pela introdução de temas da atualidade que possam ser relevantes para a formação da cidadania. É o que se propõe para o ensino de Química em “Um panorama sobre veículos controladores da entrega de medicamentos no tratamento do câncer”. A integração da Química com as diversas disciplinas é outra maneira de dar mais significado aos conhecimentos escolares. Abordagens que associam a matemática a diferentes aspectos do ensino de Química podem ser vistas em dois artigos: “Regras de arredondamento: uma breve análise” e “Método algébrico para balanceamento de reações: uma alternativa não explorada em livros didáticos de Química”.
Esperamos que esta edição de QNEsc encontre todos nossos leitores e leitoras com muita saúde. Boa leitura!
Argumentação no ensino de química: pesquisas nacionais em destaque
Desde a década de 1990 tem sido expressivo o número de artigos publicados sobre a argumentação no ensino de ciências. Investigações voltadas à temática, no âmbito do ensino de química, passaram a ser divulgadas em nosso país a partir da década de 2000, tomando impulso nos últimos dez anos. Justificativas para tanto repousam no entendimento praticamente consensual de que a promoção de espaço para o exercício da argumentação pode auxiliar os estudantes na aprendizagem de conceitos científicos, no desenvolvimento do pensamento crítico, na capacidade de comunicação e de tomada de decisão responsável, assim como na compreensão da construção histórica e social do conhecimento químico. Além disso, a recente homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) contribuiu para oferecer maior visibilidade ao assunto, uma vez que estabelece a argumentação como uma competência a ser desenvolvida em sala de aula.
Este número de Química Nova na Escola apresenta um conjunto de textos a respeito de pesquisas sobre argumentação no ensino de química, oferecendo ao leitor a possibilidade de aprofundamento nessa temática emergente. A leitura tem potencial para mostrar as contribuições de estudos dessa natureza para a prática docente e também para salientar os desafios metodológicos que os permeiam. Ademais, as questões abordadas pelos autores estão alinhadas com as tendências atuais observadas em vários países para os estudos sobre argumentação, existindo uma clara sinalização sobre a relevância dos modos dialógicos de interação no processo de ensino-aprendizagem, com a concomitante necessidade de preparo dos professores para fomentá-los.
Nessa perspectiva, duas vertentes principais foram privilegiadas nos artigos que compõem a edição: pesquisas sobre estratégias que visam à promoção da argumentação em ambientes de ensino; e sobre a formação de professores e as demandas de um ensino pautado na argumentação.
Na primeira vertente estão quatro artigos que tratam de estratégias didáticas baseadas na discussão de questões sociocientíficas (QSC) e dois que se voltam a questões relacionadas a conceitos químicos, além de um artigo de revisão sobre uma estratégia em particular, o método de Estudos de Caso. Na segunda vertente, dois artigos dedicam-se à formação continuada e três à formação inicial de professores.
As QSC abordadas foram a suplementação alimentar, a implantação de usina termoelétrica, os alimentos com conservantes, os agrotóxicos na cultura do abacaxi e o desenvolvimento de um substituto para o sangue, disponível para transfusões. As interações discursivas ocorridas na resolução das QSC foram analisadas de formas distintas, assim como a qualidade dos argumentos gerados. No artigo “Questão sociocientífica e emergência da argumentação no ensino de química”, por exemplo, a análise foi desenvolvida com base nas categorias: argumento, contra-argumento e resposta; e natureza da argumentação: ambiental, científica, econômica, ética e social. Os resultados mostraram que a resolução da QSC estabeleceu um contexto favorável à argumentação, fornecendo indícios de construção do conhecimento sobre o tema suplementação alimentar.
Destaque a conhecimentos químicos tradicionais, e não às QSC, foi dado pelos autores dos artigos “Interações argumentativas no ensino de química a partir de um texto histórico” e “Investigação orientada por argumentos no ensino de química de nível médio: uma proposta em cinética”. No primeiro, a intenção foi investigar como um texto histórico sobre a teoria das misturas gasosas proposta por Dalton poderia auxiliar os estudantes no envolvimento em interações argumentativas, enquanto no segundo foram buscados indícios sobre o favorecimento da prática de argumentação, a partir da realização de atividades experimentais de cinética química conduzidas com base em um modelo instrucional, denominado de Argument-Driven Inquiry. Foi possível constatar que o texto histórico alcançou o status de ferramenta epistêmica, propiciando aos estudantes meios de comunicar e justificar seus argumentos, e a adoção do referido modelo os aproximou da argumentação característica da linguagem científica.
Para que a argumentação se torne frequente em ambientes de ensino de química, a inserção em sala de aula de um repertório de estratégias favoráveis ao seu desencadeamento, como as relatadas neste número da QNEsc, precisa estar associada à capacidade do professor em engajar os estudantes em situações investigativas, rompendo com rotinas institucionais usuais. É sobre os importantes desdobramentos das ações docentes ao favorecimento do envolvimento do alunado em processos argumentativos que tratam os artigos “Contribuições de ações favoráveis ao ensino envolvendo argumentação para a inserção de estudantes na prática científica de argumentar” e “O papel do terceiro na argumentação dialogal: identificando o perfil argumentativo em uma atividade de júri simulado”. Neles são analisados episódios com foco em estratégias discursivas e ações verbais de professoras no ensino básico e superior, respectivamente.
Ainda no que tange à formação de professores frente às demandas de um ensino pautado na argumentação, o leitor irá encontrar os seguintes artigos, voltados ao contexto dos Cursos de Licenciatura: “História em quadrinhos como fio condutor da argumentação de licenciandos em química”; “Dialogismo e apropriação de aspectos enunciativos por meio da produção de contos na formação de professoras de química”; “Lembrança estimulada no desenvolvimento da prática reflexiva de licenciandos em química sobre argumentação”.
Esperamos que este número especial, que conta com contribuições oriundas de vários Estados brasileiros, possa oferecer subsídios a futuras pesquisas sobre a argumentação, assim como estimular iniciativas que resultem no desenvolvimento, em todos os níveis de ensino, de práticas epistêmicas autênticas da ciência.
Desejamos uma ótima leitura e reforçamos o apelo para que, mesmo com o início da vacinação contra a covid-19, nossos leitores e leitoras continuem se cuidando!
O ano de 2020 vai chegando ao fim marcado pela pandemia e suas duras consequências. Apesar de tantas vidas perdidas, do desemprego, das escolas fechadas, das atividades de ensino não presencial improvisadas, alguns aspectos destes tempos de pandemia podem nos servir de alento para o futuro.
Nos anos 1930, a compreensão da estrutura do núcleo atômico ainda dava seus primeiros passos, e a primeira fissão nuclear artificial foi produzida no final daquela década. É incrível pensar que em 1945 – ou seja, em tão curto espaço de tempo – já existissem bombas nucleares capazes de matar milhares de pessoas em um instante. Sobre isso, William L. Laurence, jornalista a serviço das Forças Armadas dos EUA que acompanhou o Projeto Manhattan, escreveu: “É uma coisa bonita de se ver, esta ‘engenhoca’ [i.e., a bomba nuclear]. Em seu planejamento foram investidos milhões de homens-hora daquilo que, sem dúvida, é o esforço intelectual mais concentrado da história. Nunca antes tanto trabalho mental foi focalizado em um único problema” (New York Times, 9 de setembro de 1945, p. 1). É muito preocupante pensar que “o esforço intelectual mais concentrado da história” fosse dedicado à produção de armas de destruição em massa. Décadas depois, temos outro problema que está exigindo o foco de muitas e muitas mentes – desta vez, no mundo todo, e com um propósito bem diferente: salvar vidas. Já existem sólidas evidências de que em breve será possível iniciar a vacinação contra a covid-19: algumas vacinas estão em fase final de testes e têm se mostrado seguras e eficazes. Milhares de pesquisadores trabalham para isso e contam com a inestimável colaboração dos voluntários para os testes. Considerando que o desenvolvimento de vacinas normalmente demora anos, vemos que esse esforço concentrado tem sido bem-sucedido. A esperança, nesse caso, é que as novas gerações se conscientizem de que a ciência e a tecnologia podem servir à destruição ou à vida; e é preciso que a sociedade esteja bem informada para poder escolher os rumos que quer dar a elas.
A pandemia também tem mostrado a importância dos sistemas públicos de saúde. A esperança quanto a esse ponto é que em todo o mundo se reconheça a necessidade de que o acesso à saúde seja direito de todos os cidadãos, a ser garantido pelos Estados nacionais.
Outros fatos recentes se mostraram auspiciosos. O retorno da democracia à Bolívia, bem como a rejeição, em plebiscito, da Constituição herdada da ditadura pelo povo chileno, renovam a esperança de tempos melhores para a América Latina. A derrota de Donald Trump nas eleições nos EUA também traz a esperança de que a mentira como instrumento de governo, o negacionismo científico e o fundamentalismo religioso como meios de manipulação das pessoas possam, também, ser derrotados em breve em outros países cujos líderes seguem a mesma cartilha.
Em termos mais imediatos, temos esperança que este número de Química Nova na Escola seja útil e agrade a nossos leitores. Como é habitual, esta edição traz uma grande variedade de temas e abordagens. Dois artigos tratam de questões relativas ao ambiente, uma temática fundamental na atualidade, por meio de enfoques distintos. Um deles se constitui em trabalho de revisão e se intitula “A temática ‘agrotóxico’ no ensino de química em sala de aula: análise de textos publicados na literatura”. O outro artigo propõe uma abordagem experimental: “Gases ácidos na atmosfera: fontes, transporte, deposição e suas consequências para o ambiente”. A experimentação também está presente em outros dois artigos. Um deles é “Determinação do teor de cloreto de sódio em arroz cozido: uma proposta para o ensino de química e o combate à hipertensão arterial”, e mostra como as aulas de química também podem contribuir para a conscientização acerca de uma alimentação mais saudável. Experimentos didáticos sobre corrosão de metais foram examinados no artigo “Corrosão no ensino de Química: uma análise dos artigos publicados em Química Nova na Escola”. Um enfoque mais disciplinar também está presente nesta edição. A físico-química é uma área que costuma oferecer dificuldade para o ensino e a aprendizagem tanto no ensino médio quanto no superior. Dois artigos investigam possibilidades para lidar com esse problema. Um deles apresenta um programa de computador que permite a construção de gráficos em 2D e 3D, o que pode auxiliar a compreensão das relações entre variáveis de estado de gases (“Uso do Gnuplot como ferramenta facilitadora do ensino: aplicações em físico-química”). O segundo artigo discute questões conceituais relacionadas às transições de fase (“Problema no ensino do equilíbrio de fases condensadas com fase de vapor”). Demonstrando a diversidade dos artigos, uma temática pouco abordada nas páginas de QNEsc está presente nesta edição: a educação infantil é focalizada em dois artigos. Um deles apresenta um projeto que proporcionou vivências com atividades científicas para crianças: “O ensino de Ciências na Educação Infantil: relatos de sala de aula”. O outro artigo, “Mulheres na Ciência para Crianças”, relata uma atividade com estudantes do Ensino Fundamental, voltada para a discussão do papel das mulheres na ciência e na qual foram apresentadas contribuições de Marie Curie. Outro personagem histórico presente nas páginas deste número é Faraday, em artigo que aborda algumas de suas investigações em eletroquímica (“Michael Faraday rumo às Leis da Eletrólise: alguns experimentos”). Mas, além de ideias do passado, esta edição traz também um artigo que discute ideias recentes na pesquisa e no pensamento químico: “Da ordem ao caos: uma reorientação das ciências e da química”.
Desejamos uma ótima leitura, e que nossos leitores eleitoras continuem se cuidando!
A pandemia de covid-19 já ceifou a vida de mais de 115.000 brasileiros e colocou o nosso país em segundo lugar no ranking mundial de casos e mortes dela decorrentes, superado apenas pelos Estados Unidos. Desde seu início, assistimos à queda de dois Ministros da Saúde e observamos, atônitos, a condução de forma interina da pasta, a partir de meados de maio. A ausência de titular capaz de planejar e executar políticas de saúde pública em um contexto tão alarmante é apenas um dos indicativos das omissões e condução ineficaz da enorme crise instaurada no Brasil. A crise sanitária pegou de chofre a educação básica e superior, obrigadas a migrar de forma apressada e, na maioria das vezes, atabalhoada, para modelos a distância.
Provavelmente, os olhos que deslizam por este texto pertencem a educadores que presenciaram, em um primeiro momento, a suspensão de aulas em escolas e universidades e se viram, na sequência, confrontados com obstáculos que não foram preparados para vencer de imediato. De fato, muitos precisaram aprender, em tempo exíguo, a utilizar plataformas digitais, a produzir materiais didáticos adaptados a elas, a gravar videoaulas e a realizar o processo avaliativo dos estudantes a distância. O fato da Educação a Distância (EaD) trazer em seu bojo a potencialidade para acentuar desigualdades também tem sido motivo de angústia para a comunidade docente, que se pergunta como lidar com o alunado que padece com a falta de recursos imprescindíveis para uma EaD efetiva, tais como internet de boa qualidade, computadores e aparelhos de telefonia móvel.
São profundas e tocantes as marcas deixadas pela pandemia no cenário educacional e, no momento atual, quando se discute a volta às aulas presenciais, cabem reflexões sobre como melhorar o aprendizado no período pós-pandemia. Infelizmente, o golpe sofrido pela economia global assegura um período amargo de recessão econômica, quando as desigualdades serão ainda mais exacerbadas, correndo-se o risco de reversão de progressos já obtidos que levaram a uma melhor formação dos nossos estudantes. Logo, políticas voltadas especificamente para a educação se fazem ainda mais necessárias e precisamos reivindicá-las. Servem para subsidiar tais reivindicações estudos fidedignos que apontam a necessidade de ações contundentes de apoio voltadas principalmente aos jovens e às crianças com grande tendência à evasão, assim como àquelas cujas famílias estão em situação de alta vulnerabilidade social. Ademais, tendo em vista a perda de renda de um número considerável de pais e responsáveis pelos estudantes, o suporte financeiro não pode ser esquecido no que diz respeito à alimentação e transporte, para que os alunos tenham condições de regressar à sala de aula.
Do ponto de vista pedagógico, no retorno às aulas será fundamental o estabelecimento de ações de acompanhamento que se mostrem viáveis na identificação daqueles que mais precisam de ajuda para superar a defasagem de aprendizagem. A avaliação sobre a possibilidade de manutenção de algumas das práticas remotas incorporadas à rotina escolar no período de distanciamento social também será promissora, especialmente em se tratando das que colocaram os estudantes em condição de protagonismo. Enfim, reduzir os prejuízos devido à pandemia e fazer com que o engajamento nos estudos seja retomado será um desafio completamente novo para os educadores que, seguramente, será vencido, pois a capacidade que possuem de fazer malabarismos na defesa dessa causa está sendo provada e comprovada em cada dia desses tempos difíceis que vivenciamos.
É na perspectiva de contribuir para que a lida de cada um de nós, nas nossas respectivas salas de aula, seja mais suave na nova etapa que se aproxima que Química Nova na Escola traz neste número artigos com temáticas atuais e abordagens de ensino inovadoras. A questão étnico-racial, que vem ocupando manchetes em veículo de comunicação do mundo inteiro desde o final de maio, após a morte do afro-americano George Floyd, está presente em três artigos: o primeiro apresenta os resultados de uma experiência na formação inicial de professores de química relacionada à implementação de iniciativas didáticas pautadas na lei 10.639/2003 (“Propostas de ensino de química focadas nas questões étnico-raciais: uma experiência na licenciatura e seus desdobramentos para o nível médio”), enquanto o segundo discute possibilidades de associação entre o ensino de química e a educação escolar quilombola (“Quente e frio: sobre a educação escolar quilombola e o ensino de química”) e o terceiro enfatiza elementos de transformação científica e social presentes na culinária brasileira (“A comida como prática social: sobre africanidades no ensino de química”).
Relatos de atividades didáticas concretizadas com base nas tecnologias de informação e comunicação compõem o leque de assuntos da revista (“A química do petróleo: a utilização de vídeos para o ensino de química no nível médio” e “A ciência e os esportes: explorando a aerodinâmica com o auxílio artístico de nanoPutianos por meio de tirinhas”), assim como o ensino com base na aplicação de jogos (“Jogo pedagógico para o ensino de termoquímica em turmas de educação de jovens e adultos” e “Mineropólio: uma proposta de atividade lúdica para o estudo do potencial mineral do Brasil no ensino médio”) e de textos de divulgação científica (“Abordagem do tema biocombustíveis no ensino médio: textos de divulgação científica em foco”).
Por fim, o entendimento de estudantes da educação básica sobre a natureza da ciência, que tem sido exaustivamente abordado por pesquisadores da área de educação, dada a sua importância, é discutido no artigo “O teatro de temática científica em foco: impactos de uma intervenção didático-pedagógica nas visões distorcidas de alunos do ensino médio sobre a natureza da ciência”.
Desejamos que esta edição de QNEsc encontre todos os leitores com saúde. Cuidem-se bem!
A Revista Química Nova na Escola (QNEsc), com uma periodicidade trimestral, propõe-se a subsidiar o trabalho, a formação e a atualização da comunidade do Ensino de Química brasileiro. QNEsc integra-se à linha editorial da Sociedade Brasileira de Química, que publica também a revista Química Nova e o Journal of the Brazillian Chemical Society. Química Nova na Escola é um espaço aberto ao educador, suscitando debates e reflexões sobre o ensino e a aprendizagem de química. Assim, contribui para a tarefa fundamental de formar verdadeiros cidadãos. Nesse sentido, a Divisão de Ensino disponibiliza neste portal, na íntegra, e de forma totalmente gratuita, todos os artigos publicados no formato PDF. Estão disponíveis também os Cadernos Temáticos publicados desde 2001 pela Divisão de Ensino.
Accesso Aberto
Química Nova na Escola (QNEsc) é um periódico de acesso aberto completo. Todos os artigos publicados pela QNEsc são tornados acessíveis online livre e permanentemente logo após a publicação, sem taxas de assinatura ou barreiras de inscrição.
Taxas de Publicação (TP)
É exigido que os autores paguem uma taxa de publicação (TP) para ajudar a cobrir os custos de publicação dos seus artigos. A TP será aplicável somente após o aceite do manuscrito pelos Editores. Ressalte-se que a avaliação do manuscrito por Revisão por Pares ocorre normalmente.
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Descontos são oferecidos a todos os autores correspondentes que são sócios efetivos ativos da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) por pelo menos 2 anos sucessivos. Descontos adicionais são oferecidos sempre que 2 ou 3 ou mais artigos dos autores correspondentes são aceitos para publicação em um dado ano em quaisquer das quatro revistas publicadas pela SBQ, em qualquer sequência (QNEsc, Journal of the Brazilian Chemical Society, Química Nova e Revista Virtual de Química). Os valores das TPs para todos os artigos aceitos estão indicados abaixo. Para mais detalhes sobre as ideias relacionadas a esses valores de TPs, vide este comunicado da SBQ.
Número de artigos aceitos em um dado ano*
TP para não sócios da SBQ, de instituições brasileiras (estrangeiras)
TP para sócios da SBQ por ≥2 anos, de instituições brasileiras (estrangeiras)
TP para sócios da SBQ por ≥5 anos, de instituições brasileiras (estrangeiras)
R$ / (US$)**
R$ / (US$)**
R$ / (US$)**
1
560,00 / (150.00)
448,00 / (120.00)
280,00 / (75.00)
2
504,00 / (135.00)
364,00 / (97.50)
196,00 / (52.50)
≥3
453,60 / (121.50)
280,00 / (75.00)
112,00 / (30.00)
* Aplicável às quatro revistas publicadas pela SBQ (vide acima), em qualquer sequência. Por exemplo, para sócios efetivos ativos da SBQ por ≥2 anos de instituições brasileiras, se três artigos seus são aceitos em um dado ano, o 1º deles pela QNEsc, o 2º deles pela Revista Virtual de Química e o 3º deles pela QNEsc, a TP para o 1º artigo é R$ 448,00, enquanto a TP para o 3º artigo é somente R$ 280,00.
** Pagamentos de autores de instituições estrangeiras são processados por PayPal.
Indexações
Chemical Abstracts, Latindex, Portal de Periódicos da CAPES, CCN/IBICT, Google Acadêmico, Unibibliweb e DOAJ: Directory of Open Access Journals